Jericoacoara: como chegar, hotéis, restaurantes, passeios e mais.
(Anderps/Wikimedia Commons)
Jericoacoara, no Ceará, é uma vila de pescadores incrivelmente linda e que conserva seu ar rústico, como você verá assim que vencer, possivelmente a bordo de uma jardineira, os 23 quilômetros de dunas entre Jijoca e Jeri.
Você até vai ouvir o sotaque cearense, mas o que chama a atenção é o português puxado de italianos, belgas, franceses e estrangeiros de outras partes do mundo que por aqui se estabeleceram.
As culturas dos gringos influenciaram a gastronomia e criaram novos hábitos. Se por um lado há grande variedade de receitas internacionais nos restaurantes, por outro o visitante tem de se adaptar a horários estranhos: a maior parte das lojas fica fechada no começo da tarde (alguns estabelecimentos só abrem as portas no fim da noite).
Nas ruas de areia fofa (abasteça sua mala – de preferência, sem rodinhas – apenas com pares de chinelo e sandália), a contemplação e o sossego são os exercícios principais.
Mas isso não quer dizer que o tempo ali é igual para todo mundo, no ritmo dormir cedo para aproveitar a praia assim que o sol nascer.
Para alguns, o amanhecer marca a hora de ir para a cama, depois do forró, passando antes na Padaria Santo Antônio, que abre na madrugada com pães de queijo quentinhos. Ou seja, os boêmios também têm vez nesse pedaço do litoral cearense que há duas décadas não tinha nem luz elétrica.
Hoje a estrutura turística, com pousadas, hotéis, restaurantes e lojinhas, não impede a preservação do cenário de dunas como a Duna do Pôr do Sol, onde todo mundo se encontra no fim de tarde, seja voltando de passeios de bugue pela região, seja acordando de um cochilo para recuperar as energias para uma madrugada de agito.
A Praia da Malhada, à direita da vila, é perfeita para banho e caminhadas. Na maré baixa, caminhe pela trilha que se abre até a Pedra Furada, curiosa formação esculpida pelas águas do mar. Se não for pela trilha, só a cavalo ou de bugue para chegar até ali.
O bugue, aliás, é essencial para se deslocar para cenários igualmente apaixonantes nos arredores. Ainda que pareça um sacrifício sair da vila, vale a pena o “esforço” de visitar lagoas com águas cristalinas, caso da Azul e Formosa, nas quais é possível testar a invenção mais deliciosa do lugar: as redes para deitar com meio corpo dentro da água.
No segundo semestre, o horizonte fica pontilhado pelas cores das velas dos praticantes de kitesurfe e windsurfe, que deslizam velozmente no embalo dos fortíssimos ventos.
Em Jeri, os passeios de bugue para conhecer as várias lagoas da região são muito populares entre os turistas (Guilherme Andrade)
As redes no meio da água são, praticamente, marca registrada da paisagem de Jeri (Creative)
Redes e jangada para turistas na Lagoa do Paraiso, em Jericoacoara (Priscilla Boffo)
QUANDO IR
Só duas estações são percebidas em Jeri. A alta temporada – de julho a janeiro – coincide com os bons ventos para a prática do windsurfe e kitesurfe. No resto do ano, o “inverno” não derruba o calor, mas traz as chuvas, principalmente de fevereiro a maio, que coincidem com a queda das diárias das hospedagens.
TAXA AMBIENTAL
A prefeitura de Jijoca de Jericoacoara instituiu uma taxa de R$ 5 ao dia para os turistas que visitarem a região. A cobrança entrou em vigor em 21 de setembro de 2017. Instituída por lei municipal, a Taxa de Turismo Sustentável valerá para os visitantes entre 13 e 59 anos, com exceção de deficiente físicos e os moradores do município. Para evitar filas na chegada, você pode pagar a taxa pela internet. Clique aqui para saber mais e pagar a taxa.
COMO CHEGAR
Desde julho de 2017, a Azul foi a primeira companhia a operar regularmente no aeroporto de Cruz, a 40 quilômetros de Jijoca de Jericoacoara, com voos saindo de Recife para lá. A Gol tem voos diretos saindo de Guarulhos. Saiba qual mês do ano tem voos mais baratos para Jeri saindo de várias cidades do Brasil.
Quem vem por via terrestre, a melhor forma é chegar por Jijoca de Jericoacoara. Alcançar o vilarejo de carro, contudo, não é a melhor opção: além dos atoleiros no caminho, veículos particulares são proibidos em Jeri. Caso prefira percorrer os 295 km de Fortaleza até Jijoca em automóvel próprio, você deve guardar o carro em um estacionamento pago e pegar as caminhonetes conhecidas como “jardineiras” (uma hora de viagem).
Da rodoviária da capital cearense há ônibus até Jijoca com a empresa Fretcar (a viagem dura seis horas), que também vende um “pacote” que inclui a jardineira até Jeri; compre pelo site.
HOTÉIS EM JERICOACOARA (CE)
A Pousada Jeribá, a Pousada Vila Kalango e o Myblue Hotel são hospedagens pé na areia: no primeiro, restaurante e bar estão quase na areia; no segundo, bangalôs reservam vista para a Duna do Pôr do sol, enquanto o terceiro reserva redário, hidromassagem e bar de praia.
Na La Villa os quartos são decorados com arranjos de flores, o café da manhã tem um crepe de Nutella daqueles e das espreguiçadeiras em frente à piscina se avista um mar de dunas.
O Chili Beach, na Praia da Malhada, tem acomodações de jardim na areia, e, na praia, kit com toalhas. Na Casa na Praia, na Beira-mar, você entra pela praia e nada na piscina com o som das ondas do mar, ao fundo.
Quem busca economia pode ser hospedar na Pousada Blue Jeri e Pousada Samba do Kite, ambas no Centro. Já o Jeri Brasil Hostel é dica de diária mais em conta na alta temporada.
Considere também ficar hospedado em Jijoca de Jericoacoara, muito mais sossegada e autêntica do que Jeri. Na beira da Lagoa do Paraíso, lugar que todos visitam em passeios de um dia a partir de Jeri, a Pousada do Paulo combina simplicidade, gastronomia e gentileza.
RESTAURANTES E COMIDINHAS
Os restaurantes especializados em pescados predominam por aqui. A maioria dos estabelecimentos se concentra no centrinho, sobretudo na Rua Principal. Em maio, boa parte dos estabelecimentos fecha.
No Pimenta Verde, no Centro, aposte nos frutos do mar. O The Lab, também no Centro, tem um longo menu de massas e pescados. O Tamarindo é sempre disputado e tem um clima dos mais aconchegantes.
Há variadas opções de comidinhas, como o Gelato & Grano e o Granola, que servem frozen yogurt, saladas, tapioca e açaí. A Padaria Santo Antônio garante o lanche dos forrozeiros: só funciona de madrugada.
COMO CIRCULAR
Com a proibição para carros, o jeito é contar com as caminhonetes da prefeitura (que circulam entre as pousadas e levam turistas gratuitamente) ou andar a pé. Esta é a melhor maneira de conhecer o lugar.
São três ruas importantes (São Francisco, do Forró e Principal), entrecortadas por vielas com bares, lojinhas e restaurantes. Contrate um bugueiro para conhecer praias e lagoas mais distantes do centrinho.
COMO CONTRATAR OS PASSEIOS DE BUGUE
Bugueiros levam às principais atrações. Peça indicação nas pousadas e verifique se eles são ligados às agências ou associações locais. Observe as condições do veículo, como a conservação de bancos e pneus. Informe-se na Cooperativa dos Bugueiros.
DICAS PARA CURTIR JERI
Pé na areia, o ClubVentos tem uma das melhores estruturas para quem quer passar o dia curtindo a Praia de Jericoacoara. Nas espreguiçadeiras espalhadas por um deque de madeira de frente para o mar, você é atendido pela equipe do restaurante, que tem cardápio com pratos, petiscos e bebidas (não há cobrança de consumação mínima em nenhuma época do ano). Dali mesmo dá para assistir às manobras de quem se aventura nas pranchas de kite, wind ou surfe – o clube oferece aluguel de equipamentos e aulas com instrutores. Toda quarta e sábado, no fim do dia, tem sessão de cinema ao ar livre, logo depois do pôr do sol.
Na beira da praia, no fim da Rua Principal, barracas vendem caipirinha e outros drinques. Esse é o começo da noitada, que pode seguir no forró do restaurante Dona Amélia, na Rua do Forró, onde uma banda embala a noite. A Padaria Santo Antônio é o lugar certo para matar a fome da madrugada.
SUGESTÕES DE ROTEIROS
3 dias – Se quiser fazer só uma saída de bugue, escolha o passeio de bugue até Tatajuba, onde fica a Lagoa da Torta, com as famosas redes dentro da água – cartões-postais do lugar. Além disso, também dá para almoçar no restaurante Do Didi, com pescados sempre fresquíssimos. A Pedra Furada é um dos maiores símbolos de Jeri. Chega-se a ela a pé, na maré baixa, ou a cavalo, pelo Morro do Serrote. Não deixe de fazer uma refeição no Pimenta Verde.
5 dias – É tempo suficiente para conhecer o restante das atrações locais, como o passeio de bugue até as Lagoas Azul e do Paraíso, que fazem parte de um só roteiro e também têm redes na água. Aproveite para relaxar nas praias mais próximas e para explorar as lojas do centrinho. Dê uma atenção especial ao Mundo Jeri, que vende artesanato de crochê produzido pela Associação de Crocheteiras de Jericoacoara.
7 dias – Se tiver espírito esportivo, aproveite que a região é famosa por ter ventos perfeitos e invista em algumas aulas de windsurfe e kitesurfe. O curso para iniciantes é dividido em três dias, com nove horas no total. Caso queira conhecer outras praias, estique até os lugares mais afastados, como Icaraí de Amontada, a 163 km de Jericoacoara. Um dia é suficiente para conhecer suas belas praias desertas de mar clarinho, verde-esmeralda.
https://viagemeturismo.abril.com.br/cidades/jericoacoara-4/
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