Potencial cultural é pouco explorado como turismo em AL, avalia sociólogo
Pesquisador diz que estado tem potencial para se tornar referência cultural.
Empreendedores criticam pouco investimento público no setor.
Do G1 AL
Praia de Maragogi, um dos principais destinos turísticos em alagoas (Foto: Jonathan Lins/G1) |
Alagoas
há muito é referência em belezas naturais por causa das praias
paradisíacas, que atraem turistas de diversos lugares do Brasil e do
mundo. Mas o setor poderia ser mais aproveitado, segundo o sociólogo,
pesquisador e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Elder
Alves. Ele avalia que o estado tem potencial para projetar e viabilizar,
a médio prazo, uma Alagoas criativa, que seja sinônimo de ricas
atrações culturais.
Sociólogo avalia positivamente os rumos do mercado no estado (Foto: Ascom/Ufal) |
Alves é sociólogo e defende o desenvolvimento de políticas públicas
culturais e investimento em segmentos da economia criativa, como
artesanato, cinema, música e teatro, setores relacionados ao
aproveitamento do conhecimento e da criatividade humana como insumos
produtivos, que participam da movimentação econômica local.
Alguns segmentos ganharam uma atenção especial, avalia o sociólogo, mas ainda há muito a ser feito. “A Bienal do Livro, os eventos gratuitos da prefeitura, o São João, etc. Todos eles têm a capacidade de realizar um soft power (poder de projetar significados), no entanto, Maceió historicamente tem tido dificuldade em projetar esses significados no âmbito da cultura para o país, ao contrário do Recife e de Salvador, por exemplo”.
Nessa economia, destaca ainda o professor, “o importante é experimentação, porque formula capitais. O importante é fazer circular esses produtos culturais. Para isso, precisamos de estratégias de desenvolvimento eficazes. As políticas de desenvolvimento da cultura no estado ainda são muito modestas", critica.
Um dos problemas para o desenvolvimento desta economia, segundo Alves, está na formação de pessoas, na disposição delas para consumir cultura no estado e dos investimentos modestos por parte dos poderes públicos. "O fato de o estado ter um índice de analfabetismo alarmante, uma economia desigual, com índices de pobreza extremada são fatores que comprometem o desenvolvimento da economia criativa."
O cenário, entretanto, aponta para um futuro próspero no segmento, ou pelo menos para uma nova visão de mercado por parte de investidores, empresários e produtores culturais. “Até pouco tempo atrás, éramos a capital com o menor número de salas de cinema, e até muito recentemente não dispúnhamos de nenhuma livraria com acervo razoável”, destaca o sociólogo ao fazer refência ao cinema e à livraria que abriram este ano na capital.
Mas há quem vislumbrou oportunidades nas atividades culturais locais há
mais tempo e contribuiu para esta mudança de cenário. Um projeto
desenvolvido em parceria entre a Fundação Municipal de Ação Cultural e a
Ufal reúne informações sobre a diversidade cultural da cidade. É a
"Cartografia Cultural de Maceio", que fornece pontos georeferenciais em
um mapa virtual interativo dos lugares em que há manifestações culturais. O projeto conta atualmente com 163 pontos cadastrados. Na plataforma, é
possível localizar, fazer buscas, ter acesso aos contatos do local, ver
fotos e interagir através de comentários. Dessa forma, a plataforma
pode servir tanto ao público quanto a setores ligados ao desenvolvimento
da cultura, além de futuros investidores de diversas áreas, que poderão
traçar planos de negócios a partir de locais de atração cultural.
Alguns segmentos ganharam uma atenção especial, avalia o sociólogo, mas ainda há muito a ser feito. “A Bienal do Livro, os eventos gratuitos da prefeitura, o São João, etc. Todos eles têm a capacidade de realizar um soft power (poder de projetar significados), no entanto, Maceió historicamente tem tido dificuldade em projetar esses significados no âmbito da cultura para o país, ao contrário do Recife e de Salvador, por exemplo”.
Nessa economia, destaca ainda o professor, “o importante é experimentação, porque formula capitais. O importante é fazer circular esses produtos culturais. Para isso, precisamos de estratégias de desenvolvimento eficazes. As políticas de desenvolvimento da cultura no estado ainda são muito modestas", critica.
Um dos problemas para o desenvolvimento desta economia, segundo Alves, está na formação de pessoas, na disposição delas para consumir cultura no estado e dos investimentos modestos por parte dos poderes públicos. "O fato de o estado ter um índice de analfabetismo alarmante, uma economia desigual, com índices de pobreza extremada são fatores que comprometem o desenvolvimento da economia criativa."
O cenário, entretanto, aponta para um futuro próspero no segmento, ou pelo menos para uma nova visão de mercado por parte de investidores, empresários e produtores culturais. “Até pouco tempo atrás, éramos a capital com o menor número de salas de cinema, e até muito recentemente não dispúnhamos de nenhuma livraria com acervo razoável”, destaca o sociólogo ao fazer refência ao cinema e à livraria que abriram este ano na capital.
Projeto Cartografia Cultural informa aonde estão os principais pontos de cultura em Maceió (Foto: Reprodução/FMAC-AL) |
O problema é que muitos projetos ainda não são rentáveis o suficiente
para se tornar a única fonte de sustento dos empreendedores. A
jornalista Patrícia Machado é sócia-fundadora de uma produtora cultural
que atualmente realiza o projeto “Autorretrato Nordeste, Quilombos de
Alagoas”, que pretende fomentar a produção cultural em comunidades
quilombolas e conta com apoio financeiro da Fundação Nacional de Artes
(Funarte). Patrícia destaca que o fato de Alagoas ainda não contar com uma Lei de
Incentivo à Cultura, prejudica o trabalho e o estímulo dos produtores
culturais em produzir no estado. "É sempre bom desenvolver uma outra
atividade paralela, e assim não depender apenas da produtora cultural
como fonte de renda. Principalmente nos anos iniciais da empresa. Ainda é
complicado produzir cultura no estado", destaca.
Mas nem só de novas ideias é composta a economia criativa. O professor
da Ufal destaca como exemplo de aproveitamento da cutura local o Filé
Alagoano. "Apesar do estado não ter demandas de consumo cultural altas,
devido em grande parte à assimetria social histórica, o artesanato das
rendeiras de filé da região do Pontal da Barra é um exemplo de sucesso
de uma demanda criada e que tem dado certo."
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), junto à Secretaria de Estado do Planejamento e do Desenvolvimento Econômico (Seplande) e a Ufal, quer viabilizar a concessão do selo de Indicação Geográfica (IG), um registro que é conferido a produtos e serviços que são característicos do seu local de origem. Esse reconhecimento vai caracterizar o artesanato desenvolvido naquela região como um artefato histórico-cultural único, e assim ajudar a projetar ainda mais a arte para além das fronteiras de Alagoas. Com essas e outras iniciativas, Alves acredita que a médio prazo a economia criativa no estado pode ganhar força e se estabelecer. Segundo ele, o grau de escolarização em ascensão e uma maior quantidade de pessoas frequentando as universidades ajudam a delinear, no futuro, um público consumidor maior e mais ativo.
“Como Maceió, infelizmente, tem o segmento de pessoas com poder aquisitivo e disposição pra frequentar esses espaços muito registrito, isso [o desenvolvimento do setor] vai demorar um pouco. A cidade tem que conviver com índices e assimetrias, e isso é difícil”, complementa o professor.
O que falta, portanto, para o professor, é engajamento dos órgãos, pessoas e setores ligados a esse setor. “Do mesmo jeito que trazer uma fábrica pode gerar empregos diretos e indiretos, um pólo de cinema também pode gerar empregos diretos e indiretos”, exemplifica.
http://g1.globo.com/al/alagoas/noticia/2014/10/potencial-cultural-e-pouco-explorado-como-turismo-em-al-avalia-sociologo.html
Bordado filé virou inspiração para peças de grife nacional (Foto: Jonathan Lins/G1) |
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), junto à Secretaria de Estado do Planejamento e do Desenvolvimento Econômico (Seplande) e a Ufal, quer viabilizar a concessão do selo de Indicação Geográfica (IG), um registro que é conferido a produtos e serviços que são característicos do seu local de origem. Esse reconhecimento vai caracterizar o artesanato desenvolvido naquela região como um artefato histórico-cultural único, e assim ajudar a projetar ainda mais a arte para além das fronteiras de Alagoas. Com essas e outras iniciativas, Alves acredita que a médio prazo a economia criativa no estado pode ganhar força e se estabelecer. Segundo ele, o grau de escolarização em ascensão e uma maior quantidade de pessoas frequentando as universidades ajudam a delinear, no futuro, um público consumidor maior e mais ativo.
“Como Maceió, infelizmente, tem o segmento de pessoas com poder aquisitivo e disposição pra frequentar esses espaços muito registrito, isso [o desenvolvimento do setor] vai demorar um pouco. A cidade tem que conviver com índices e assimetrias, e isso é difícil”, complementa o professor.
O que falta, portanto, para o professor, é engajamento dos órgãos, pessoas e setores ligados a esse setor. “Do mesmo jeito que trazer uma fábrica pode gerar empregos diretos e indiretos, um pólo de cinema também pode gerar empregos diretos e indiretos”, exemplifica.
http://g1.globo.com/al/alagoas/noticia/2014/10/potencial-cultural-e-pouco-explorado-como-turismo-em-al-avalia-sociologo.html
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