Florianópolis, SC: o que fazer, o que visitar, o que comer.
Fora da temporada de verão, capital catarinense tem ritmo mais tranquilo.
Inverno é ideal para fazer trilhas, passeios de barco e comer frutos do mar.
Mariana Faraco Do G1 SC
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Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, vista da região do Forte Santana (Foto: Mariana de Ávila/G1) |
À primeira vista, pode parecer um desperdício deixar de visitar
Florianópolis no verão. Afinal, é quando o calor dá o ar da graça nas 43
praias e, em se tratando de uma ilha, dificilmente um turista desejará
“escapar” desse programa.
Mas visitar a capital catarinense no inverno é conhecer uma cidade de
atrativos que vão além da previsão do tempo. São museus, casarios
históricos, frutos do mar para se fartar, mais de 30 trilhas e um
sem-fim de paisagens para encher o álbum de fotos e a memória. Com o sol
bem menos impiedoso, basta se proteger do famoso vento “suli” e
descobrir a ilha em sua versão mais autêntica, sem tantos turistas por
perto.
Considerando os atrativos e as características dessa época do ano, o G1 preparou
um roteiro de até cinco dias na cidade, com tudo o que não se pode
perder ao visitar a ilha. E, caso fique aquela sensação de “quero mais”,
sempre haverá o verão. Confira as dicas:
DIA 1
Para aplacar logo a ânsia de ver o mar, comer um bom camarão e conhecer
um pouco da cultura local, que tal unir todos esses programas em um só?
Pegue a SC-401 e rume para o Norte, em direção a Santo Antônio de
Lisboa, a 15 km do Centro.
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Igreja de Santo Antônio de Lisboa foi erguida no século XVIII (Foto: Mariana Faraco/G1) |
A primeira parada é na singela igreja de Nossa Senhora das
Necessidades, de frente para o mar da Baía Norte. Cheia de detalhes do
período Barroco, foi construída em meados do século XVIII e é tombada
pelo município e pelo estado.
O povoado é o mais antigo de Desterro, como era chamada a Ilha de Santa Catarina.
Vale passear sem pressa pelas ruas de Santo Antônio de Lisboa e apreciar as lojinhas de artesanato local – é
possível encontrar rendeiras trançando as mãos com habilidade, mantendo
viva uma tradição que passa de mãe para filha.
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Vista do mar de Santo Antônio de Lisboa (Foto: Márcia Callegaro/G1) |
O mar de baía não convida a mergulhos, mas em compensação a vista é
privilegiada: ao longe é possível ver a ponte Hercílio Luz (e você vai
ficar ainda mais curioso para conhecê-la de perto). Mas a ordem é
relaxar. Depois de uma caminhada pela praça e pela orla, vale parar em
um dos restaurantes que ficam de frente para a baía e se deliciar com os
frutos do mar fresquinhos, muitos deles pescados ali mesmo.
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Largo da Alfândega, com o Mercado Público ao fundo:
pausa na hora do rush (Foto: Santur/Divulgação) |
Depois do almoço, percorrer a pé o Centro da capital é uma boa pedida.
Vale conhecer a “velha figueira” da Praça XV, transplantada para o local
em 1891 - e que dá nome ao Figueirense, um dos principais times da
cidade. Fica em frente ao largo da Catedral Metropolitana. Dali, vá
conhecer o Palácio Rosado, que abriga o museu Cruz e Souza. Erguido
entre 1750 e 1765, o local foi residência dos governadores até 1954.
Mas não se atrase: é bom reservar um tempo para conhecer o Forte
Santana, onde funciona o Museu de Armas Major Lara Ribas, aberto de
terça a domingo das 9 às 17h, com entrada gratuita. Fica bem perto da
Ponte Hercílio Luz, onde o pôr do sol rende belas fotos. Há anos a ponte
está fechada para visitação. Atualmente, passa por uma reforma.
Fotos garantidas, rume em direção ao Largo da Alfândega: o Mercado
Público de Florianópolis é um clássico para a happy hour. É o tempo de
aguardar a hora do rush passar (sim, Floripa tem um trânsito intenso no
fim de tarde em direção ao continente) para então cruzar a ponte Colombo
Sales rumo ao bairro de Coqueiros, que desponta como nova rota
gastronômica da cidade.
DIA 2
Reserve o dia para curtir as belezas da região da Lagoa da Conceição e
das praias do Leste da ilha – as preferidas dos surfistas. As dunas da
Praia da Joaquina são ideais para a prática de sandboard, ou surfe na
areia. A Praia Mole também merece uma visita – é possível tirar belas
fotos no mirante que fica no caminho para a Barra da Lagoa.
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Dunas na Lagoa da Conceição e Joaquina são procuradas para sandboard (Foto: Valéria Martins/G1) |
Antes que a fome comece a bater, contorne a Lagoa da Conceição por
baixo e rume para o Canto dos Araçás, que fica ao final da Rua João
Henrique Gonçalves: você estará no início da Trilha da Costa da Lagoa,
acessível só pela mata ou pelo mar. O caminho demora cerca de duas horas
para ser percorrido, mas o trajeto pela Mata Atlântica é bem sinalizado
e cheio de atrações – há cachoeira, um antigo engenho de farinha, além
de aves e até macaquinhos que habitam a região.
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Pela Mata Atlântica, trilha para a isolada Costa da
Lagoa tem cachoeira (Foto: Márcia Callegaro/G1) |
Ao final da trilha, você encontrará um lugar pitoresco, onde a
gastronomia local é o grande destaque. Ali você poderá degustar a famosa
sequência de camarão (a iguaria é servida de de diversas formas: à
milanesa, à dorê, ao alho e óleo...) ou uma anchova assada na brasa.
Para voltar, é possível pegar um barquinho de volta para o “centrinho” da Lagoa. A passagem custa R$ 7,50.
Se estiver no pique, volte para a Barra da Lagoa e conheça o Projeto
Tamar, dedicado à preservação das tartarugas marinhas. À noitinha, a
Lagoa da Conceição dá lugar a uma vida noturna intensa – o "centrinho"
da Lagoa e a Avenida das Rendeiras são repletos de bares, restaurantes e
casas noturnas.
DIA 3
Uma maneira de conhecer melhor a história catarinense sem perder o mar
de vista é contratar um passeio de escuna, que passa por ilhas e
fortalezas da região. Em julho, elas continuam operando, com exceção das
segundas e quartas-feiras. Há saídas do centro, ao lado da Ponte
Hercílio Luz, e de Canasvieiras, no Norte, ao lado do trapiche, mais à
direita da praia, onde funciona uma associação que reúne as empresas
locais.
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Escunas levam até fortaleza da Ilha de Anhatomirim, erguida no século XVII (Foto: Thiago Tavares/Divulgação) |
Se decidir partir de Canasvieiras, é recomendável adquirir o ingresso
com antecedência, na própria associação ou nos quiosques das empresas,
pois só parte um barco por dia, com até 150 pessoas. O passeio custa R$
70 e leva cinco horas, com saída às 11h e retorno às 16h.
A escuna costeia a orla de Canasvieiras, Jurerê e Daniela, com visão
panorâmica do Forte de São José da Ponta Grossa. O barco faz uma parada
na Fortaleza de Anhatomirim, principal fortificação do antigo sistema
defensivo da Ilha de Santa Catarina, erguida a partir de 1739 pelos
portugueses para proteger a região de ataques, principalmente de
espanhóis.
Para visitar a Ilha de Anhatomirim é preciso pagar uma taxa de R$ 8 para a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Os passeios costumam dar a opção de almoçar (R$ 25 por pessoa) em
Governador Celso Ramos, mas também é possível levar o próprio lanche.
Com sorte, é possível avisar golfinhos durante o passeio pela baía que
leva o nome deles. E os mais corajosos podem cair na água na Ilha do
Francês.
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Badalada, Jurerê Internacional tem festas e shows
o ano todo(Foto: Felipe Carneiro/Divulgação) |
De volta ao trapiche de Canasvieiras, que tal dar uma volta pelas ruas
do bairro? Com forte vocação turística, a região é um reduto de
argentinos na ilha – não se assuste se encontrar placas em castelhano. A
praia é repleta de restaurantes – com churrascarias que oferecem
legítimos bifes de “chorizo” e “asados”.
Outra opção é seguir para a vizinha mais badalada, Jurerê
Internacional, onde é possível tomar um banho de mar delicioso – mesmo
no inverno, se for um dia de sol. Os clubes de praia abrem aos fins de
semana e há uma uma intensa programação de shows e festas, o ano todo.
DIA 4
Inaugurada em 2014, a trilha ecológica do Parque Estadual do Rio
Vermelho é uma boa opção para começar o dia em contato com a natureza.
Ele pode ser acessado pela SC-403, que corre pela direita a Lagoa da
Conceição.
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Praia da Lagoinha, no Norte de Florianópolis, tem pesca artesanal de tainha (Foto: Mariana Faraco/G1) |
A trilha fica aberta de terça a domingo (inclusive em feriados), das
10h às 17h. O passeio é gratuito e acompanhado por um guia do parque,
que leva grupos de visitantes por um caminho com grau zero de
dificuldade: ele é totalmente acessível a cadeirantes e carrinhos de
bebê, e tem até banquinhos para descansar durante as explicações.
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Macaquinhos podem ser vistos na trilha do Parque
Estadual do Rio Vermelho (Foto: Mariana Faraco/G1) |
É possível ver espécies como macacos, tartarugas, araras – muitas delas
vítimas de maus tratos ou de tráfico. A trilha guiada pode ser
percorrida em menos de uma hora – há um local destinado para fazer
piquenique, ao final. Mas traga seu lanche!
Bem perto do parque fica a entrada para a desértica praia de
Moçambique, a mais extensa da ilha, com mais de 7 km. Siga para o Norte e
vá até o mirante da Praia Brava, com uma vista privilegiada para a
orla, cujos condomínios são bem badalados - o ex-tenista Gustavo
Kuerten, por exemplo, costuma ser visto por lá.
Se quiser passar o resto da tarde relaxando, vá até a vizinha e pacata
Lagoinha de Ponta das Canas, uma praia tranquila, de cerca de 1 km de
extensão, reduto de pescadores. Com sorte, você pode chegar bem na hora
em que eles estiverem “cercando” um cardume de tainhas – peixe típico do
inverno em Santa Catarina.
Com rapidez, um grupo pula num barquinho de madeira, enquanto os outros
ajudam a puxar a rede. Se não for dia de “arrasto”, é o caso de se
sentar em um dos dois ou três restaurantes pé na areia que abrem em dias
de tempo bom e deixar o tempo passar sem pressa.
Ainda no Norte, a Praia de Cachoeira do Bom Jesus concentra boas opções para comer à noite.
DIA 5
O último dia é destinado para o Sul da ilha, a parte mais bucólica de
Florianópolis, que respira a cultura dos colonizadores açorianos. E que
tal conhecer a região de bike? Há opções de passeios para outras partes
da ilha, mas um dos mais conhecidos é o tour que passa pelo Sul da Ilha.
Os passeios duram cerca de 5 horas e custam, em média, R$ 69, incluídos
o aluguel da bicicleta, o capacete e o acompanhamento de um guia.
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Praia do Morro das Pedras (com Armação) é considerada uma das mais bonitas de Florianópolis (Foto: Carolina Lopes/G1) |
É importante verificar se o passeio inclui um carro de apoio, para o
caso de alguém ficar cansado. Há a opção de solicitar uma bicicleta
elétrica, que não exige tanto esforço físico. O reteiro pelo Sul da ilha
costuma incluir uma visita às praias do Campeche e do Morro das Pedras,
com visita a um mirante. O trajeto inclui também uma parada na Lagoa do
Peri, onde funciona o Projeto Lontra. Nas cinco horas de passeio, dá
tempo ainda de almoçar na Praia da Armação e esticar para a Praia do
Matadeiro, acessível por trilha.
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Fazer trilhas de bike é opção para conhecer
Florianópolis (Foto: Michael Ojo/Divulgação) |
Se bicicleta for muita aventura para você, um roteiro que inclua a
Praia do Campeche e o Morro das Pedras já será um passeio de encher os
olhos. Se sobrar tempo, siga ainda mais para o Sul e conheça a pacata
Praia do Pântano do Sul, onde é possível degustar uma tainha pescada na
hora.
Mas não vá embora de Florianópolis sem conhecer a região mais
“manézinha” de Florianópolis, o Ribeirão da Ilha, também no Sul, mas
voltada para o continente. Na chamada Freguesia, uma pracinha à
beira-mar convida a relaxar e curtir o pôr do sol. E, se for um
apreciador de ostras, saiba que está num dos principais pontos de maior
cultivo da ilha – que responde por 85% da produção nacional.
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Sol Bucólico Ribeirão da Ilha é ideal para comer ostras apreciando o pôr do sol (Foto: Valéria Martins/G1) |
Há roteiros guiados que levam até as fazendas de ostras, com degustação
ao final. A região, repleta de casarios açorianos, também tem bons
restaurantes que servem a iguaria, entre outros frutos do mar.
DICAS DO G1
- Se você pretente chegar a Florianópolis de avião ou ônibus, considere
a possibilidade de alugar um carro. As distâncias são longas, mesmo na
mesma região da ilha, e fora das áreas centrais é muito raro encontrar
um táxi. Em algumas regiões os horários de ônibus são espaçados, e quase
sempre é preciso esperar pela baldeação em terminais regionais.
- Prepare a mala para todas as estações. Nessa época do ano não é
difícil que as temperaturas fiquem abaixo dos 10°C à noite e no
amanhecer, mas há dias em que os termômetros podem chegar a 28°C à
tarde.
- Apesar de ser relativamente segura em relação a outras capitais, não
descuide de seus pertences pessoais e evite andar à noite em áreas mais
isoladas da região central.
VALE EXPERIMENTAR
- Sequência de camarão na Costa da Lagoa
- Ostras e berbigões no Ribeirão da Ilha e em Santo Antônio de Lisboa
- Doces portugueses no Ribeirão da Ilha
http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2015/07/florianopolis-sc-o-que-fazer-o-que-visitar-o-que-comer.html