segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Florianópolis, SC: o que fazer, o que visitar, o que comer.

Fora da temporada de verão, capital catarinense tem ritmo mais tranquilo.
Inverno é ideal para fazer trilhas, passeios de barco e comer frutos do mar.


Mariana Faraco Do G1 SC

Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, vista da região do Forte Santana (Foto: Mariana de Ávila/G1)
Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, vista da região do Forte Santana (Foto: Mariana de Ávila/G1)
À primeira vista, pode parecer um desperdício deixar de visitar Florianópolis no verão. Afinal, é quando o calor dá o ar da graça nas 43 praias e, em se tratando de uma ilha, dificilmente um turista desejará “escapar” desse programa.

Mas visitar a capital catarinense no inverno é conhecer uma cidade de atrativos que vão além da previsão do tempo. São museus, casarios históricos, frutos do mar para se fartar, mais de 30 trilhas e um sem-fim de paisagens para encher o álbum de fotos e a memória. Com o sol bem menos impiedoso, basta se proteger do famoso vento “suli” e descobrir a ilha em sua versão mais autêntica, sem tantos turistas por perto.
Considerando os atrativos e as características dessa época do ano, o G1 preparou um roteiro de até cinco dias na cidade, com tudo o que não se pode perder ao visitar a ilha. E, caso fique aquela sensação de “quero mais”, sempre haverá o verão. Confira as dicas:
 
DIA 1
Para aplacar logo a ânsia de ver o mar, comer um bom camarão e conhecer um pouco da cultura local, que tal unir todos esses programas em um só? Pegue a SC-401 e rume para o Norte, em direção a Santo Antônio de Lisboa, a 15 km do Centro.


Igreja de Santo Antônio de Lisboa foi erguida no século XVIII (Foto: Mariana Faraco/G1)
Igreja de Santo Antônio de Lisboa foi erguida no século XVIII (Foto: Mariana Faraco/G1)
A primeira parada é na singela igreja de Nossa Senhora das Necessidades, de frente para o mar da Baía Norte. Cheia de detalhes do período Barroco, foi construída em meados do século XVIII e é tombada pelo município e pelo estado.
O povoado é o mais antigo de Desterro, como era chamada a Ilha de Santa Catarina.
Vale passear sem pressa pelas ruas de Santo Antônio de Lisboa e apreciar as lojinhas de artesanato local – é possível encontrar rendeiras trançando as mãos com habilidade, mantendo viva uma tradição que passa de mãe para filha.

Santo Antônio de Lisboa (Foto: Márcia Callegaro/G1)
Vista do mar de Santo Antônio de Lisboa (Foto: Márcia Callegaro/G1)
O mar de baía não convida a mergulhos, mas em compensação a vista é privilegiada: ao longe é possível ver a ponte Hercílio Luz (e você vai ficar ainda mais curioso para conhecê-la  de perto). Mas a ordem é relaxar. Depois de uma caminhada pela praça e pela orla, vale parar em um dos restaurantes que ficam de frente para a baía e se deliciar com os frutos do mar fresquinhos, muitos deles pescados ali mesmo.

Largo da Alfândega, com o Mercado Público ao fundo: ideal para esperar a hora do rush passar (Foto: Santur/Divulgação)
Largo da Alfândega, com o Mercado Público ao fundo:
pausa na hora do rush (Foto: Santur/Divulgação)
Depois do almoço, percorrer a pé o Centro da capital é uma boa pedida. Vale conhecer a “velha figueira” da Praça XV, transplantada para o local em 1891 - e que dá nome ao Figueirense, um dos principais times da cidade. Fica em frente ao largo da Catedral Metropolitana. Dali, vá conhecer o Palácio Rosado, que abriga o museu Cruz e Souza. Erguido entre 1750 e 1765, o local foi residência dos governadores até 1954.
Mas não se atrase: é bom reservar um tempo para conhecer o Forte Santana, onde funciona o Museu de Armas Major Lara Ribas, aberto de terça a domingo das 9 às 17h, com entrada gratuita. Fica bem perto da Ponte Hercílio Luz, onde o pôr do sol rende belas fotos. Há anos a ponte está fechada para visitação. Atualmente, passa por uma reforma.
Fotos garantidas, rume em direção ao Largo da Alfândega: o Mercado Público de Florianópolis é um clássico para a happy hour. É o tempo de aguardar a hora do rush passar (sim, Floripa tem um trânsito intenso no fim de tarde em direção ao continente) para então cruzar a ponte Colombo Sales rumo ao bairro de Coqueiros, que desponta como nova rota gastronômica da cidade.
 
DIA 2
Reserve o dia para curtir as belezas da região da Lagoa da Conceição e das praias do Leste da ilha – as preferidas dos surfistas. As dunas da Praia da Joaquina são ideais para a prática de sandboard, ou surfe na areia. A Praia Mole também merece uma visita – é possível tirar belas fotos no mirante que fica no caminho para a Barra da Lagoa.


Dunas na Lagoa da Conceição e Joaquina são procuradas para a prática  (Foto: Valéria Martins/G1)
Dunas na Lagoa da Conceição e Joaquina são procuradas para sandboard (Foto: Valéria Martins/G1)
Antes que a fome comece a bater, contorne a Lagoa da Conceição por baixo e rume para o Canto dos Araçás, que fica ao final da Rua João Henrique Gonçalves: você estará no início da Trilha da Costa da Lagoa, acessível só pela mata ou pelo mar. O caminho demora cerca de duas horas para ser percorrido, mas o trajeto pela Mata Atlântica é bem sinalizado e cheio de atrações – há cachoeira, um antigo engenho de farinha, além de aves e até macaquinhos que habitam a região.

Pela Mata Atlântica, trilha para a isolada Costa da Lagoa tem cachoeira  (Foto: Márcia Callegaro/G1)
Pela Mata Atlântica, trilha para a isolada Costa da
Lagoa tem cachoeira (Foto: Márcia Callegaro/G1)
Ao final da trilha, você encontrará um lugar pitoresco, onde a gastronomia local é o grande destaque. Ali você poderá degustar a famosa sequência de camarão (a iguaria é servida de de diversas formas: à milanesa, à dorê, ao alho e óleo...) ou uma anchova assada na brasa.
Para voltar, é possível pegar um barquinho de volta para o “centrinho” da Lagoa. A passagem custa R$ 7,50.
Se estiver no pique, volte para a Barra da Lagoa e conheça o Projeto Tamar, dedicado à preservação das tartarugas marinhas. À noitinha, a Lagoa da Conceição dá lugar a uma vida noturna intensa – o "centrinho" da Lagoa e a Avenida das Rendeiras são repletos de bares, restaurantes e casas noturnas.
 
DIA 3
Uma maneira de conhecer melhor a história catarinense sem perder o mar de vista é contratar um passeio de escuna, que passa por ilhas e fortalezas da região. Em julho, elas continuam operando, com exceção das segundas e quartas-feiras. Há saídas do centro, ao lado da Ponte Hercílio Luz, e de Canasvieiras, no Norte, ao lado do trapiche, mais à direita da praia, onde funciona uma associação que reúne as empresas locais.


Escunas fazem passeios até a fortaleza da Ilha de Anhatomirim, erguida no século XVII (Foto: Thiago Tavares/Divulgação)
Escunas levam até fortaleza da Ilha de Anhatomirim, erguida no século XVII (Foto: Thiago Tavares/Divulgação)
Se decidir partir de Canasvieiras, é recomendável adquirir o ingresso com antecedência, na própria associação ou nos quiosques das empresas, pois só parte um barco por dia, com até 150 pessoas. O passeio custa R$ 70 e leva cinco horas, com saída às 11h e retorno às 16h. A escuna costeia a orla de Canasvieiras, Jurerê e Daniela, com visão panorâmica do Forte de São José da Ponta Grossa. O barco faz uma parada na Fortaleza de Anhatomirim, principal fortificação do antigo sistema defensivo da Ilha de Santa Catarina, erguida a partir de 1739 pelos portugueses para proteger a região de ataques, principalmente de espanhóis.
Para visitar a Ilha de Anhatomirim é preciso pagar uma taxa de R$ 8 para a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Os passeios costumam dar a opção de almoçar (R$ 25 por pessoa) em Governador Celso Ramos, mas também é possível levar o próprio lanche. Com sorte, é possível avisar golfinhos durante o passeio pela baía que leva o nome deles. E os mais corajosos podem cair na água na Ilha do Francês.

Abertura da temporada de verão na Posh foi na terça-feira (25)  (Foto: Felipe Carneiro/Divulgação)
Badalada, Jurerê Internacional tem festas e shows
o ano todo(Foto: Felipe Carneiro/Divulgação)
De volta ao trapiche de Canasvieiras, que tal dar uma volta pelas ruas do bairro? Com forte vocação turística, a região é um reduto de argentinos na ilha – não se assuste se encontrar placas em castelhano. A praia é repleta de restaurantes – com churrascarias que oferecem legítimos bifes de “chorizo” e “asados”.
Outra opção é seguir para a vizinha mais badalada, Jurerê Internacional, onde é possível tomar um banho de mar delicioso – mesmo no inverno, se for um dia de sol. Os clubes de praia abrem aos fins de semana e há uma uma intensa programação de shows e festas, o ano todo.
 
DIA 4
Inaugurada em 2014, a trilha ecológica do Parque Estadual do Rio Vermelho é uma boa opção para começar o dia em contato com a natureza. Ele pode ser acessado pela SC-403, que corre pela direita a Lagoa da Conceição.


Praia da Lagoinha, no Norte da de Florianópolis, tem pesca artesanal de tainha (Foto: Mariana Faraco/G1)
Praia da Lagoinha, no Norte de Florianópolis, tem pesca artesanal de tainha (Foto: Mariana Faraco/G1)
A trilha fica aberta de terça a domingo (inclusive em feriados), das 10h às 17h. O passeio é gratuito e acompanhado por um guia do parque, que leva grupos de visitantes por um caminho com grau zero de dificuldade: ele é totalmente acessível a cadeirantes e carrinhos de bebê, e tem até banquinhos para descansar durante as explicações.

Macaquinhos podem ser vistos na trilha do Parque Estadual do Rio Vermelho, em Florianópolis (Foto: Mariana Faraco/G1)
Macaquinhos podem ser vistos na trilha do Parque
Estadual do Rio Vermelho (Foto: Mariana Faraco/G1)
É possível ver espécies como macacos, tartarugas, araras – muitas delas vítimas de maus tratos ou de tráfico. A trilha guiada pode ser percorrida em menos de uma hora – há um local destinado para fazer piquenique, ao final. Mas traga seu lanche!
Bem perto do parque fica a entrada para a desértica praia de Moçambique, a mais extensa da ilha, com mais de 7 km. Siga para o Norte e vá até o mirante da Praia Brava, com uma vista privilegiada para a orla, cujos condomínios são bem badalados -  o ex-tenista Gustavo Kuerten, por exemplo, costuma ser visto por lá.
Se quiser passar o resto da tarde relaxando, vá até a vizinha e pacata Lagoinha de Ponta das Canas, uma praia tranquila, de cerca de 1 km de extensão, reduto de pescadores. Com sorte, você pode chegar bem na hora em que eles estiverem “cercando” um cardume de tainhas – peixe típico do inverno em Santa Catarina.
Com rapidez, um grupo pula num barquinho de madeira, enquanto os outros ajudam a puxar a rede. Se não for dia de “arrasto”, é o caso de se sentar em um dos dois ou três restaurantes pé na areia que abrem em dias de tempo bom e deixar o tempo passar sem pressa.
Ainda no Norte, a Praia de Cachoeira do Bom Jesus concentra boas opções para comer à noite.
 
DIA 5
O último dia é destinado para o Sul da ilha, a parte mais bucólica de Florianópolis, que respira a cultura dos colonizadores açorianos. E que tal conhecer a região de bike? Há opções de passeios para outras partes da ilha, mas um dos mais conhecidos é o tour que passa pelo Sul da Ilha. Os passeios duram cerca de 5 horas e custam, em média, R$ 69, incluídos o aluguel da bicicleta, o capacete e o acompanhamento de um guia.


Praia do Morro das Pedras (com Armação) é considerada uma das mais bonitas de Florianópolis (Foto: Carolina Lopes/G1)
Praia do Morro das Pedras (com Armação) é considerada uma das mais bonitas de Florianópolis (Foto: Carolina Lopes/G1)
É importante verificar se o passeio inclui um carro de apoio, para o caso de alguém ficar cansado. Há a opção de solicitar uma bicicleta elétrica, que não exige tanto esforço físico. O reteiro pelo Sul da ilha costuma incluir uma visita às praias do Campeche e do Morro das Pedras, com visita a um mirante. O trajeto inclui também uma parada na Lagoa do Peri, onde funciona o Projeto Lontra. Nas cinco horas de passeio, dá tempo ainda de almoçar na Praia da Armação e esticar para a Praia do Matadeiro, acessível por trilha.

Fazer trilhas de bike é opção para conhecer Florianópolis (Foto: Michael Ojo/Divulgação)
Fazer trilhas de bike é opção para conhecer
Florianópolis (Foto: Michael Ojo/Divulgação)
Se bicicleta for muita aventura para você, um roteiro que inclua a Praia do Campeche e o Morro das Pedras já será um passeio de encher os olhos. Se sobrar tempo, siga ainda mais para o Sul e conheça a pacata Praia do Pântano do Sul, onde é possível degustar uma tainha pescada na hora.
Mas não vá embora de Florianópolis sem conhecer a região mais “manézinha” de Florianópolis, o Ribeirão da Ilha, também no Sul, mas voltada para o continente. Na chamada Freguesia, uma pracinha à beira-mar convida a relaxar e curtir o pôr do sol. E, se for um apreciador de ostras, saiba que está num dos principais pontos de maior cultivo da ilha – que responde por 85% da produção nacional.

Sol deve predominar em todas as regiões catarinenses neste sábado (Foto: Valéria Martins/G1)
Sol Bucólico Ribeirão da Ilha é ideal para comer ostras apreciando o pôr do sol (Foto: Valéria Martins/G1)
Há roteiros guiados que levam até as fazendas de ostras, com degustação ao final. A região, repleta de casarios açorianos, também tem bons restaurantes que servem a iguaria, entre outros frutos do mar.

DICAS DO G1
- Se você pretente chegar a Florianópolis de avião ou ônibus, considere a possibilidade de alugar um carro. As distâncias são longas, mesmo na mesma região da ilha, e fora das áreas centrais é muito raro encontrar um táxi. Em algumas regiões os horários de ônibus são espaçados, e quase sempre é preciso esperar pela baldeação em terminais regionais.

- Prepare a mala para todas as estações. Nessa época do ano não é difícil  que as temperaturas fiquem abaixo dos 10°C à noite e no amanhecer, mas há dias em que os termômetros podem chegar a 28°C à tarde.

- Apesar de ser relativamente segura em relação a outras capitais, não descuide de seus pertences pessoais e evite andar à noite em áreas mais isoladas da região central.
 
VALE EXPERIMENTAR 
- Sequência de camarão na Costa da Lagoa
- Ostras e berbigões no Ribeirão da Ilha e em Santo Antônio de Lisboa
- Doces portugueses no Ribeirão da Ilha

http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2015/07/florianopolis-sc-o-que-fazer-o-que-visitar-o-que-comer.html

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