Cozumel mescla luxo com aventura marítima.
Nas águas turquesa do Caribe, a experiência de
mergulhar com tubarões casa perfeitamente com banquetes com o pé na
areia. Veja o que fazer na ilha em 24h.
Por
Nina Ramos
, de Cozumel*
Uma vez na Ilha de
Cozumel, não há razão plausível para programar o despertador para
depois das 6h30 da manhã. Parece cedo, eu sei, ainda mais quando se está
de férias, mas vai por mim: pular da cama no paraíso localizado no Caribe mexicano vale cada minuto de sono acumulado.
E
por mais que se tente acostumar o olhar, o azul turquesa da água do mar
impressiona constantemente. Cozumel tem o sol como catalisador para
cristalizar ainda mais o lar de milhões de criaturas marinhas que vivem
na região. Um verdadeiro oásis, protegido a ferro e fogo por nativos e
estrangeiros que adotaram a ilha como residência fixa
Localizada a 60 km ao Sul de Cancún, é possível chegar até a ilha por ferry boat saindo de Playa Del Carmen
(sai de hora em hora, por 180 pesos mexicanos) ou com um voo de 15
minutos (pela Mayair, a passagem fica em torno de US$ 100. É salgado,
mas compensa pelo visual). Estima-se, atualmente, que Cozumel abrigue
mais de 80 mil pessoas, a maioria envolvida, de alguma forma, com o
turismo. Na extensa faixa de areia – são 48 km de Norte a Sul, e
aproximadamente 8 km de Leste a Oeste –, mais de 50 hotéis
de todos os estilos recebem inúmeros visitantes durante todo o ano
(principalmente, americanos e canadenses), enquanto no porto da cidade,
de dois a cinco cruzeiros atracam por dia – para alegria dos
trabalhadores locais, muitos deles de origem maia, civilização que
domina historicamente a região.
Não à toa, funcionários do Presidente InterContinental Cozumel Resort & Spa,
por exemplo, recebem os hóspedes com a mão direita do lado esquerdo do
peito para desejar “M’alob K'iin”, que em maia significa “bom dia”, ou
“bom sol”. Saudação que cai como uma luva.
O primeiro ponto do sol
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Diz a lenda que Cozumel é o primeiro lugar do México a receber os raios de sol, a cada manhã |
Dizem que a ilha é o primeiro ponto do México a receber os
raios de sol a cada novo dia. Historicamente, antes do período
hispânico, Cozumel era um importante santuário maia, e Ixchel, a deusa
da fertilidade, era adorada. Até hoje, entre maio e junho, acontece a
Travessia Sagrada Maia, uma grande festa para manter a tradição.
Depois
que os espanhóis, comandados por Juan de Grijalva, chegaram no local
(já no século XVI), a população aumentou por conta de casamentos entre
maias e o novo povo. De uma maneira ou de outra, o antigo grupo nunca
deixou a ilha. Prova disso é que é possível encontrar em qualquer
esquina pessoas conversando em dialeto maia.
Dito isto, para quem
procura dias de tranquilidade, com pitadas de cultura, muito sol e luxo,
o cinco estrelas, cujas diárias da acomodação de frente para o mar
começam em US$ 500 (alta temporada, ou US$ 280 em baixa), é o destino
certeiro. O local tem oito tipos de quartos, num total de 220
acomodações. Vai por mim: um dia em Cozumel recarrega energias por
semanas – e a aventura anda de mãos dadas com o glamour do resort. Quer
ver?
Às 6h30 toca o despertador. Para o café da manhã, pé na areia
e uma bela mesa de frutas, torradas, ovos ao gosto do cliente, sucos e
chocolate. A receita agora é um bom protetor solar, óculos escuros e
máquina fotográfica em mãos. Na praia, basta um pé na água para logo
encontrar um cardume de inocentes peixinhos curiosos. A saber, Cozumel
tem a segunda maior barreira de corais do mundo, ficando atrás apenas da Austrália. Dito isso, não dá para pensar duas vezes em incluir como prioridade na lista de passeios um mergulho de snorkel (para os que estão sem tempo na agenda) – ou até com tanque (requer treino antes).
O iG
se aventurou por dois recifes: no primeiro, com cerca de três metros de
profundidade, estrelas do mar, moreias e uma variedade infinita de
peixes. Já no segundo, mais em alto mar, foi possível nadar lado a lado
com barracudas, tartarugas marinhas, lagostas e até tubarões. “E eles
têm mais medo de você do que você deles”, encoraja o guia do serviço
Scuba Du. Em determinado momento, ele avista algo de errado na areia
branca, mergulha fundo e volta com uma pilha em mãos. O lixo vai para o
barco, para ser descartado corretamente em terra firme.
Tacos e tendas
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A ida para a ilha de Cozumel reserva paisagens de tirar o fôlego |
De volta ao hotel,
depois de uma chuveirada para retirar a água salgada do corpo, é hora do
almoço. A dica no Caribeño, um dos restaurantes do resort, é o Taco de
Rib Eye com drink de limão (só cuidado com a pimenta, sempre presente).
Premeditado ou não, no dia em que almoçamos no local, o cenário
paradisíaco fez par com música brasileira ao fundo. Gilberto Gil e Céu
embalaram a refeição. Combina com a delicadeza dos mexicanos: eles se
esforçam até para tentar arranhar o português, muito mais difícil para
eles do que o espanhol para nós.
Para o período da tarde, opção é o
que não falta – dentro e fora do resort. É válido visitar as ruínas
maias descobertas na ilha, se arriscar no jet ski ou no stand up paddle,
praticar esportes como tennis ou golf. Ou relaxar no Mandara SPA,
localizado no interior do hotel. Por lá, encontramos as mãos de santa da
funcionária Guadalupe. Antes da sessão de massagem, é preciso escolher
uma essência entre quatro opções. Em uma sala privativa, iluminada na
medida certa, aromatizada e silenciosa, a massagem tem duração de 50
incríveis minutos. De lá, para finalizar, um mergulho na Jacuzzi quente e
uma chuveirada gelada. Nada mais luxuoso e revigorante.
No fim do
dia, a dica é bater perna na região do porto (de 10 a 15 minutos de
carro do hotel), onde tendas e lojas de marca se misturam para receber
os turistas. Atenção: produtos artesanais, como batas bordadas, mantas,
sombreros e cerâmica, podem sempre baixar de preço. Aliás, pechinchar é
palavra de ordem no México. Tirando lojas internacionais, com preços
tabelados, o valor de tudo pode sofrer desconto de acordo com a força de
vontade do cliente e simpatia do vendedor. E se você não quiser levar
pesos na carteira, o dólar americano é aceito em praticamente todos os
estabelecimentos.
Para fechar com chave de ouro
Por volta
das 18h30, 19h, o sol deixa o céu da ilha com um espetáculo cor de
tangerina. Mesmo assim, os termômetros permanecem na casa dos 27ºC. Para
efeito de registro, a alta temporada na costa tropical mexicana é
considerada entre novembro e abril, ou seja, inverno e primavera na
região. É quando americanos e canadenses fogem do frio intenso do Norte.
Já no verão, o calor é digno do Rio de Janeiro, e o risco de chuva é
bem maior. Nesse meio tempo, a ilha é destino esportivo. Desde 2009, por
exemplo, abriga uma etapa do circuito Ironman de Triathlon, e também é
casa dos amantes de golf.
Para encerrar o dia com chave de ouro,
vale um jantar no Alfredo di Roma, localizado no resort e aberto ao
público em geral. Rubens Savastano, gerente do local e brasileiro de
Campinas, interior de São Paulo, sugere a excelente pedida: salada
Caprese de entrada, Mero com molho fino de frutos do mar como principal,
e, para acompanhar, Trimbach Gewürztraminer, um vinho branco
refrescante e aromático.
Mais uma caminhada com pé na areia, e a
energia está carregada. Na manhã seguinte, o degradê azul turquesa
estará novamente esperando para o bom dia. No caminho para o quarto, só
não se assuste se passar por alguma iguana ou siri, moradores da região:
são amigáveis, assim como todos os mexicanos. Bom descanso e M’alob
K'iin.
http://turismo.ig.com.br/destinos-internacionais/2014-11-27/cozumel-mescla-luxo-com-aventura-maritima.html