sexta-feira, 23 de maio de 2014

O Sol sempre brilha em Maceió.


Aqui tem praias de águas esverdeadas, falésias coloridas, piscinas naturais que parecem aquários e calor, muito calor o ano inteiro. 

27 de Janeiro | Maceió, Brasil | por Tarcila Ferro  

Vinte e seis graus! Essa é a temperatura média anual da água nas praias de Maceió, capital de Alagoas. O que isso quer dizer? Praia o ano inteirinho, faça chuva ou faça sol! Se não bastasse, a costa alagoana tem inúmeros trechos protegidos por arrecifes, deixando o mar calmo e ideal para nadar. Além da temperatura e da calmaria, o que mais chama a atenção é a cor da água, algo entre o azul e o esverdeado. Não é para menos que o litoral do estado é considerado um dos mais belos

Maceió também tem uma pegada diferente de outros locais badalados, como Salvador e Porto de Galinhas. A cidade, por exemplo, é o lugar ideal para quem deseja fugir de trio elétrico, micaretas e outros zum zum zum de carnaval. Claro que em algumas praias o axé rola solto, mas não é uma regra. Esse ar low profile faz com que o destino seja cobiçado por casais, em especial os que estão em lua de mel, e pelas famílias com crianças pequenas.   
Para aproveitar a cidade como ela merece, não basta ficar apenas no hotel ou no resort, frequentar a praia mais próxima e, no máximo, esticar até Maragogi. É até um pecado fazer isso. Suas sequências de enseadas garantem dias de passeios por praias belíssimas e cenários dignos de Caribe. O ideal é alugar um carro e garimpar alguns achados – pode ter certeza que encontrará muita coisa boa.  
Na minha estada de quatro dias, montei um roteiro para conhecer a costa de norte a sul. Minha base foi a Praia de Ipioca, local do hotel Salinas de Maceió, a 25 quilômetros do centro da cidade. Aberto há cinco anos, o irmão mais novo do já consagrado Salinas de Maragogi foge à regra dos superlativos nos quais se baseiam outros resorts nordestinos. Com apenas 151 apartamentos, todos com varandas e dispostos em predinhos de tijolos de três andares, ele conta com um restaurante, duas piscinas, um spa e clubinho para a garotada.
É um resort voltado para a família, com a vantagem de não cobrar a estadia para crianças menores de 12 anos (desde que fiquem no mesmo quarto dos pais). A prole fica muito bem acomodada nas suítes familiares para até cinco pessoas e os apartamentos superiores recebem até quatro. A comodidade do sistema all inclusive, com seis refeições (exceto bebidas), também é um motivo a mais.
Quem está em lua de mel pode aproveitar alguns mimos, como um jantar especial de núpcias servido na cabana de sapé em frente ao mar. O primeiro café da manhã dos recém-casados também chega fresquinho no quarto e roupões e pantufas têm o nome do casal grafado.
Eu poderia ficar tranquilamente os quatro dias ali só curtindo as mordomias e a boa vida no resort. Mas, como eu disse, não explorar Maceió é um pecado.
 
O Clube de praia Hibiscus Alagoas é uma ótima alternativa na praia de Ipioca. Música ambiente, camas suspensas, e o ótimo restaurante garantem um dia de puro relax à beira mar
Sem deixar a praia de Ipioca, fui conferir o repaginado clube de praia Hibiscus Alagoas, aberto dentro do condomínio Angra de Ipioca. Apesar de estar em uma área restrita, o acesso aos visitantes é liberado. O Hibiscus fica à beira-mar e sua estrutura é composta por um restaurante, piscina, redário, tendas para massagem e parquinho para os pequenos. Para entrar é preciso pagar R$ 15. O espaço é tranquilo, sem muvuca e axé. Os banhos de sol e de mar são embalados pelo som ambiente. Não há espreguiçadeiras nem cadeiras na areia – quem quiser tomar sol pode deitar em uma das “camas” colocadas sobre uma estrutura alta de madeira. O colchão fofinho garante deliciosas sonecas.
No restaurante, o forte são os pratos com pescados e frutos do mar. Grandes, eles servem até duas pessoas. Os pedidos são feitos na hora que a pessoa chega, como uma pré-reserva. Aí é aproveitar a manhã inteira na praia e, na hora em que a fome bater, basta voltar ao restaurante e esperar alguns minutinhos. O sistema é ótimo na alta temporada, pois evita longa espera pela comida na mesa. Quem não quiser almoçar, pode ficar só na cervejinha e nos petiscos, servidos nas mesinhas que ficam sob o coqueiral.    
E praia boa não precisa ser curtida apenas durante o dia. Quando o sol se recolheu, segui para Pajuçara, point da night maceioence. Lá fica a feirinha de produtos locais mais bacana da cidade, o Pavilhão do Artesanato, que reúne cerca de 150 artesãos.
As barraquinhas são bem organizadas e muitas aceitam cartões de crédito – uma mão na roda, vale dizer.  Por ali, as pedidas são trabalhos feitos com a colorida renda filé, típica de Alagoas, e que está prestes a se tornar Patrimônio Cultural do estado. Com ela, as rendeiras criam centros de mesa, toalhas, jogos americanos, blusas, saídas de praia e muito mais.
Xeretando um pouco, descobrem-se bolsas feitas com palha de buriti, luminárias super estilosas criadas a partir de cabaças (um tipo de fruto), bijus de capim dourado... Eu me empolguei com as sandálias rasteirinhas confeccionadas em couro de jegue – levei duas de uma vez (R$ 25 cada).
Também há comidinhas, em especial, as castanhas, vendidas dos mais variados jeitos: torradas, assadas, salgadas ou caramelizadas. Manteiga de garrafa, cachaça e licores são outras opções.   
 
O Grupo Salinas conta com dois resorts na cidade: a unidade de Maragogi é um sucesso na região há mais de duas décadas; a de Maceió acabou de completar cinco anos
Comprinhas feitas e a noite mal tinha começado. Como céu estrelado e calor pedem uma esticada, o bar Lopana foi a escolha. Ele fica em Ponta Verde, praia vizinha a Pajuçara. Juntas, elas concentram o maior número de hotéis e restaurantes da capital. É delas também os trechos de orla mais animados. 
O bar esparrama-se sobre um deque que acomoda mesinhas de madeira, ombrelones e um pequeno palco em que bandas se revezam durante os dias da semana tocando MPB, bossa nossa e rock nacional.
Os pedidos dos clientes são computados em terminais em formato de prancha de surfe e o cardápio empolga com caipifrutas e entradas como caldo de camarão, filé de agulhinha frita e o onipresente sururu, o molusco mais amado de Alagoas. Além de petiscar no bar, dá para jantar e experimentar apostas da casa. O Peixe à Bananeira e o Arroz com Polvo são só alguns exemplos. O bar tem uma área envidraçada, com ar-condicionado, local onde estão expostas suas melhores garrafas de whiskies e vinhos.         
 
Rumo ao Sul
A ligação entre o norte e o sul do estado é feita pela AL-101. A rodovia conta com pouca sinalização e o asfalto judiado em alguns trechos pede atenção dos motoristas. No sul, os meus destinos eram as praias do Francês, Barra de São Miguel e Gunga.     
O Francês foi a enseada com a cara mais baiana que encontrei em Alagoas. Muita gente e barracas com o som alto são comuns por ali. Os ambulantes também circulam aos montes e passam oferecendo lagostas de tamanhos bem generosos, como no caso do vendedor José Ignácio.  “Sirvo elas grelhadas na manteiga de garrafa e aceboladas”. O tamanho, segundo ele, justifica o preço de R$ 70 cobrado por uma porção com oito lagostas. 
Perto dali, Barra de São Miguel é o oposto do Francês. Tranquila e com areia quase vazia, ela é a escolha dos endinheirados do estado,  com suas casas de veraneio. Suas águas calmas são um convite para esticar um pouco mais. De São Miguel partem pequenas embarcações que levam à Praia do Gunga, passando por um banco de areia e piscinas naturais.
Os barquinhos acomodam até sete pessoas e o passeio inteiro dura cerca de 40 minutos (R$ 30). A primeira parada é em uma piscina natural. O condutor munido de ração faz com que os peixes comam na sua mão. Ele dá um pouco para os passageiros, que repetem o gesto e adoram. A outra parada é no banco de areia para um mergulho e para tomar água de coco e coquetéis geladinhos. Isso mesmo, em pleno mar um barquinho faz as vezes de bar e serve drinques na água, com direito a mesas e cadeiras colocadas nas partes mais rasas.
 
Passeio de bugue pelas falésias da Praia do Gunga
Por fim, chega a Praia do Gunga. Confesso que, quando me deparei com várias mesas e cadeiras de plástico na areia, tendinhas de suvenir e bares sem nada de tão especial, fiquei sem entender por qual motivo ela é tão famosa. Bastou poucos minutinhos para descobrir.
Ela é dominada por um imenso coqueiral, que cria um cenário desconcertante em conjunto com a cor do mar e o branquinho de suas areias. O burburinho maior fica concentrado em apenas um pequeno trecho do pontal, principalmente na área em que acontece o encontro da água do mar com a Foz da Lagoa do Roteiro. Essa junção deixa a água calminha e ótima para nadar. Essa é a área mais movimentada, o restante é um sossego só.
Mas o visual do Gunga conta com uma carta na manga: suas falésias. Para chegar até elas, contratei um bugue (R$ 30 por pessoa) e fui sacolejando pelas areias fofas por oito quilômetros. Na época da desova das tartarugas marinhas, os veículos fazem o trajeto pelo coqueiral.
O conjunto de rochas esculpido ao longo dos milênios pela natureza e que ganhou diversos tons de vermelho e laranja cria um contraste lindo com o azul do mar. Dá para caminhar, subir em uma das rochas e tirar muitas fotos.  A beleza da região serviu como cenário para trechos do filme Paraísos Artificiais e para a série o Bem Amado.    
Perto das falésias, corre uma nascente de água doce que vale um gostoso mergulho. A argila de diferentes cores encontrada nas margens faz com que todo mundo passe um pouquinho no corpo e no rosto.
Antes de deixar o Gunga, fui xeretar a barraquinha de tapioca. A vendedora quase me convenceu a pedir uma recheada com sururu, – segundo ela, “o maior afrodisíaco da região”. Melhor não. Acabei escolhendo a de camarão.
 
Aquário natural em Maragogi
A menina dos olhos em Alagoas atende pelo nome de Maragogi. Bem ao norte do estado, quase em Pernambuco, a área reúne um conjunto de piscinas naturais que figuram entre os mais belos do mundo. O passeio por suas galés foi o responsável por colocar Maceió no mapa do turismo nacional.
Situada em uma Área de Preservação Ambiental (APA), as piscinas são apenas um trechinho da enorme barreira de corais que corta o nordeste. São quase 1800 quilômetros que se estendem do Maranhão ao sul da Bahia, sendo considerada a segunda maior do mundo, perdendo apenas para a australiana.
Os tours partem de manhã cedindo e são pautados de acordo com o que a tábua das marés prevê para o dia. É por esse modo de medição que as embarcações sabem a melhor hora para realizar os passeios, que devem ser feitos com a maré baixa. Eles custam em média R$ 60 e duram cerca de 3 horas. Pague mais R$ 10 pelo snorkel e a máscara, itens imprescindíveis para esse mergulho.
Os barcos navegam cerca de seis quilômetros até chegar às galés. Pelo caminho, o mergulhador que acompanha o grupo faz os devidos avisos. “Não é permitido pegar uma conchinha sequer e atenção para não pisar nas partes escuras”. As partes escuras são os corais, que costumam ter pontas afiadas e muitos ouriços cheios de espinhos – uma pisada neles acaba com a viagem de qualquer um.
O mais gostoso é que as piscinas são rasas e, mesmo com poucos metros de profundidade, enxerga-se cerca de 18 tipos de corais e 25 espécies de peixes. Havia pessoas no meu barco que não sabiam nadar e, mesmo assim curtiram o passeio. A experiência fica ainda melhor para quem contrata o serviço de mergulho de cilindro e vê tudo isso ainda mais de perto.
 
O mergulho nas piscinas naturais de Maragogi é a atração mais procurada da região
Como trata-se do principal ponto turístico, tudo vira comércio. Fotógrafos afoitos te seguem até na água para registrar o seu momento nas piscinas. Quem adora são os casais que tiram fotos dando beijinhos debaixo d'água.
Na volta de Maragogi até a praia de Ipioca, onde eu estava hospedada, foram 96 quilômetros. No retorno, aproveitei para conhecer a praia de Paripueira e seu animado bar e restaurante Mar & Cia. Ao todo, são cinco quiosques espalhados pela areia, atendidos pelo restaurante que capricha em petiscos como casquinha de siri e o sururu ao leite de coco. Lagosta, camarão e peixes grelhados aparecem em diversas combinações e versões.
O restaurante também serve como ponto de partida para passeios de lancha até a Praia de Carro Quebrado e para as piscinas naturais de Paripueira. Esses locais já estão na minha lista quando eu voltar a Maceió – viagem que, com certeza, farei logo, pois já estou com saudades. 
 
Tarcila Ferro viajou a convite dos hotéis Salinas de Maceió e Salinas de Maragogi

http://www.revistaviajar.com.br/artigos/ler/762/o-sol-sempre-brilha-em-maceio#.U3-mhCjW_vw

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