segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Além de belo mar azul, Jamaica tem rios e cascatas de filme de James Bond. 
Baz Dreisinger
New York Times Syndicate



Sol, areia e mar: uma receita atemporal, ao alcance de qualquer um no Caribe. Tudo bem, mas sol, areia, mar… e cidade? Se quiser aproveitar essa opção, visite então a Jamaica. Claro que essa ilha resplandecente possui áreas de resorts, onde é possível passar o tempo inteiro vadiando na praia; mas tem também Kingston, uma metrópole injustamente subestimada e malcompreendida. Sim, há favelas, há criminalidade, mas há também uma cultura cosmopolita, uma vida noturna vibrante, um cenário musical emergente e uma infinidade de deleites urbanos. Com uma nova companhia aérea (Fly Jamaica), um Marriott de 130 quartos em construção na capital, lounges descolados em ambos os aeroportos internacionais (Club Kingston e Club Mobay, decorados com as cores da bandeira nacional) e restaurantes pipocando por todo o país, a hora é ideal para explorar a ilha seguindo o mantra do Ministério do Turismo, inspirado no eterno Bob Marley: venha para a Jamaica e se sinta bem.  
Sexta
13h - No ritmo de Bolt

Depois de desembarcar em Kingston, faça uma homenagem ao jamaicano mais querido - não o que canta, o que corre. O Tracks & Records de Usain Bolt é um restaurante, sports bar (com mais de 45 TVs, incluindo uma de 20 polegadas) e templo ultradescolado ao homem mais rápido da face da Terra, inclusive com produtos da marca Bolt à venda. No cardápio, uma mistura de pratos jamaicanos clássicos, como peixe assado e a sopa de ervilha vermelha viscosa, e adaptações bacanas como quesadillas de frango "jerk" e a "salada jam Asian Cobb". Um almoço sai por 1.200 dólares jamaicanos ou US$ 11,40 (com o dólar valendo 105 JMD) - praticamente todo o comércio da Jamaica aceita as duas moedas; podem até cobrar o valor em uma ou outra, mas recebem ambas. Fique de olho na série de apresentações mensais "Behind the Screen" de grandes artistas do reggae, sempre acústicas.
 
15h - Reggae & Rastafarianismo
Kingston é a meca do R & R, ou seja, Reggae & Rastafarianismo, dois dos maiores movimentos culturais do Caribe. Faça um curso relâmpago de imersão sobre os dois, e também da história, da flora e das artes locais nos museus que formam o Instituto da Jamaica, no centro histórico da capital, quase à beira-mar. Há a Galeria Nacional, que mescla a arte clássica jamaicana com exposições de vanguarda; o Museu de História Natural; o Museu de Música da Jamaica e o Liberty Hall, que homenageia o pioneiro Marcus Garvey na sede original de sua Universal Negro Improvement Association (ingresso a US$5 para adultos).

18h - Coquetéis ao pôr-do-sol
Surpreso com a beleza da selva de pedra de Kingston? Fique ainda mais ao apreciar o sol se pôr sobre as majestosas Montanhas Azuis bebericando um martíni no Sky Terrace, na cobertura do chiquérrimo Hotel Spanish Court. No estilo SoHo-style, com 107 quartos, foi o primeiro inaugurado na cidade, em 2009, depois de mais de três décadas - e ganhou também um spa na cobertura, uma loja de presentes eclética e, ainda ee, 2014, terá um wine bar.

20h - Jantar de chef famoso
Ele é o Jamie Oliver da Jamaica: Brian Lumley, de 27 anos, que já trabalhou para o embaixador francês e é garoto-propaganda de vários produtos locais, é o chef mais badalado da Jamaica. Seu novo restaurante, 689 by Brian Lumley, fica no centrinho da área turística, New Kingston. Sua especialidade é a massa com um toque das Índias ocidentais: pesto e lagosta, linguine de frango "jerk" e penne com frutos do mar (o jantar para dois, com vinho, sai por cerca de 7 mil JMD).

23h - Saideira real
A especialidade de Kingston não é a saideira, mas sim o "bashment", bailes que acontecem em salões de dança e casas noturnas lotadas até o sol raiar. Agora, porém, há uma alternativa: o Regency Bar & Lounge no recém-reformado Terra Nova All-Suite Hotel, um verdadeiro oásis de requinte, com poltronas de veludo, decoração com toques dourados e um cardápio à altura: pizza de pato, carneiro ao curry e churrasco de carne de porco. A melhor parte dele? Um rum de 50 anos, o Appleton, verdadeira iguaria local (vinhos a partir de US$6; coquetéis, US$5; não cobra couvert).

Diana Zalucky / The New York Times
 

Um dos cenários entre Kingston e Ocho Rios: muito verde, terra vermelha e montanhas impressionantes
 

Sábado  
8h - Na estrada
Não tire uma soneca quando estiver indo para o "interior", que é como o pessoal da capital chama qualquer região fora de seu perímetro, do contrário vai perder as paisagens espetaculares. A duas horas e meia de carro de Kingston, Ocho Rios (ou "Ochi", como eles chamam; se disser "Ocho" vão saber que você é turista) é o delírio de qualquer fã do Instagram: muito verde, terra vermelha e montanhas impressionantes. Saboreie o café da manhã ao logo do caminho, no Faith's Pen, um trecho famoso que reúne barraquinhas simples de madeira com todas as delícias jamaicanas: milho assado e fruta-pão, callaloo (a versão jamaicana da couve), ackee e peixe no sal (prato nacional, que tem o visual e a textura de ovos mexidos com pimentão e bacalhau desfiado) e garapa ou suco de manga (cerca de 700 JMD/pessoa).

11h - Jogos à beira-mar
O nome discreto contraria seu esplendor: o Jamaica Inn foi inaugurado em 1950 como uma pousada pequenina. Marilyn Monroe e Arthur Miller, em lua-de-mel, já estiveram entre os hóspedes, mas a propriedade agora é um refúgio grandioso, embora aconchegante. Deixe as malas na recepção (o check-in é feito às 15h) e pegue os martelos. Isso mesmo, martelos. À beira-mar há um charmoso gramado para croquet, perfeito para uma partida antes do almoço. Emende com um mergulho naquela que indiscutivelmente é a praia mais impecável de Ochi, com areia branca, água superazul e as ondas quebrando nos recifes ao longe.

13h - Frango "jerk"
Frango "jerk" é o maior clichê culinário da Jamaica, mas você pode saboreá-lo no local onde foi criado e comprovar seu verdadeiro sabor. Com quatro casas espalhadas pela ilha, o Scotchie's é o templo do churrasco nesse estilo: carne de porco, frango, linguiça e peixe, tudo marinado em uma mistura de pimenta-da-jamaica, cravo, canela e noz-moscada e grelhado sobre galhos de pimenta-doce, o que lhe dá um sabor defumado inigualável. As mesas de piquenique ficam sob as palapas e o único acompanhamento de que precisam é uma Red Stripe bem gelada (o almoço sai por 1.300 JMD).

15h - Abaixo de zero
Poderia até ser infantil se não fosse tão divertido: finja que é astro de "Jamaica Abaixo de Zero", que a Disney lançou em 1993, e homenageie a equipe que foi às Olimpíadas de Inverno de 1988 zunindo pela paisagem luxuriante sobre um bobsled com as cores do país. Essa é apenas uma das atrações do Parque Rainforest Adventures, em Mystic Mountain; há também uma piscina e tobogã, jardim de borboletas e beija-flores, tirolesa e o SkyExplorer, um tipo de teleférico que o leva a mais de 200 m de altura para admirar a bela vista (a US$137,50, o pacote Jamaica Tranopy inclui o bobsled, a tirolesa e o SkyExplorer).

18h - Mais R&R
"KiYara", diz o folheto, significa "local sagrado dos espíritos da terra" em taino, a língua dos indígenas que habitavam a ilha. E não é exagero: o Jamaica Inn KiYara Ocean Spa tem um clima de casa de árvore (de bambu) suspensa sobre o mar sereno. Opte pela massagem 4-Hand Bliss, durante a qual dois profissionais trabalham em conjunto para acabar com a tensão em todo o seu corpo.

20h30 - Pratos autênticos
O Miss T's Kitchen simboliza o "interior jamaicano": telhado de zinco, mesas multicoloridas, cadeiras feitas de barris de madeira e, principalmente, pratos jamaicanos autênticos - curry de cabrito, rabada, peixe à moda escoveitch (frito, com vinagre de especiarias e pimenta Scotch-Bonnet) ou "cozido marrom", além de seleções veganas (o jantar/pessoa, com bebida, não sai por menos de 1.800 JMD). Para fazer a digestão, dê um pulo a Main Street, principal região turística de Ochi, onde pubs barulhentos e espaços de música ao vivo servem rum ao som de mais um cover de "One Love".

Diana Zalucky / The New York Times

"Jamaica" vem da palavra da língua taina para "terra das fontes", e por uma boa razão: o que não falta na ilha são rios e cascatas, como Dunn's River Falls
Domingo


7h - Quedas d'água e lagoas
"Jamaica" vem da palavra da língua taina para "terra das fontes", e por uma boa razão: o que não falta na ilha são rios e cascatas. E Dunn's River Falls é a Disneylândia de todas elas: são 182 metros de quedas e lagoas, já foi locação para "007 Contra o Satânico Dr. No", palco de uma batalha entre espanhóis e ingleses e está quase sempre lotada de turistas. A exceção são as primeiras horas da manhã. Assim, o jeito é se levantar com as galinhas, saborear um café da manhã elegante na varanda de frente para o mar do Jamaica Inn, e deixar que a balsa do hotel o leve e traga das cachoeiras para desfrutar todo o seu esplendor em particular (US$110 para duas pessoas).

13h30 - Viagem no tempo
Saindo de Montego Bay para voltar para casa (a distância de Ochi aos dois aeroportos da ilha é praticamente a mesma), pare em Falmouth, mais precisamente Trelawny, que abriga um porto para cruzeiros de US$220 milhões, inaugurado em 2011 - se bem que a verdadeira atração é mais antiga: como uma das cidades georgianas mais bem preservadas do Caribe, em Falmouth há um bairro histórico que contém uma coleção considerável e quase intacta de exemplos da arquitetura colonial britânica. Faça o passeio que passa pelas igrejas, o tribunal e a agência do correio com a Falmouth Heritage Renewal, dedicada a preservar e restaurar a arquitetura e história locais; a instituição também está montando um museu sobre a escravidão na antiga casa de um emancipador britânico.


http://viagem.uol.com.br/guia/jamaica/kingston/roteiros/alem-de-belo-mar-azul-jamaica-tem-rios-e-cascatas-de-filme-de-james-bond/index.htm

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Praias, montanhas e terrorismo: veja o cenário real de "Os Dez Mandamentos"

Marcel Vincenti
Colaboração para o UOL, do Cairo (Egito)

O monte Sinai e o mar Vermelho foram cenários para momentos fundamentais da novela "Os Dez Mandamentos", da Record, que teve sua primeira parte concluída nesta segunda-feira (22). 
A região, onde Moisés teria recebido as Tábuas da Lei enquanto conduzia o povo hebreu em sua travessia para a Terra Prometida, é hoje um misto de terreno de peregrinações, paraíso de hedonistas e cenário de guerra.

O monte Sinai é um grande ponto de atração de turistas para o Egito, que costumam subir a montanha percorrida por Moisés durante a madrugada e, ao chegar lá em cima pelo amanhecer, admirar o que talvez seja o mais mágico nascer do sol do Oriente Médio, que envolve em luz e neblina os áridos vales que marcam a área. 

Chamado pelos árabes de "Jebel Musa" (Montanha de Moisés), o monte Sinai tem 2.290 metros de altura e seu cume pode ser atingido de duas maneiras: sobre o lombo de camelos ou a pé, através de uma trilha conhecida como Escada da Penitência, na qual os andarilhos devem superar 750 degraus irregulares de pedra. A empreitada é cansativa e, geralmente, se vê envolta por temperaturas gélidas. Mas tais desafios só fazem o passeio ganhar ainda mais sua cara de peregrinação.

 
Alljengi/Creative Commons
Turistas assistem ao nascer do sol do topo do monte Sinai, no Egito
 
Atrações religiosas não faltam no destino: na área da montanha fica o monastério de Santa Catarina, cuja origem remonta ao século 4 d.C. e que abriga uma das comunidades monásticas mais antigas do mundo. No complexo é possível visitar edifícios como a Capela da Sarça Ardente (no local onde Deus teria falado com Moisés) e a Igreja da Transfiguração, onde se encontram os restos da mártir Santa Catarina, que batiza o complexo. 
 
Mar Vermelho
A Península do Sinai, onde se encontram o monte Sinai e o monastério de Santa Catarina, é banhada por outro ícone bíblico: o mar Vermelho. Se Moisés o cruzou durante o Velho Testamento, em uma cena que deu pico de audiência à Record, hoje os turistas gostam é de afundar nesse corpo de água.
A poucas horas do monte Sinai ficam dois balneários antagonistas. De um lado, está Sharm el-Sheikh, um recanto de hotéis caros, cassinos e discotecas, com ótimas águas para o nado e snorkel. Do outro fica Dahab, um lugar de atmosfera hippie recheado de pousadas baratas, restaurantes em conta e uma orla que exibe um mar cristalino.
Esta parte do litoral egípcio tem alguns dos melhores pontos de mergulho do Oriente Médio, com recifes extremamente coloridos e lindos peixes. O famoso Buraco Azul, por exemplo, indicado apenas para mergulhadores experientes, tem mais de 100 metros de profundidade. 

 
Creative Commons
A Península do Sinai é banhada pelo mar Vermelho e tem ótimos pontos de mergulho
 
Infelizmente, a Península do Sinai está hoje mais propensa a ser vista através de uma tela de TV do que em uma jornada de verdade. O lugar é atualmente território de atuação de grupos terroristas. Há indícios de que a queda da aeronave russa que viajava entre o balneário de Sharm el-Sheikh e São Petersburgo no último dia 31 de outubro foi causada por uma bomba plantada no avião, em solo egípcio, pelo Estado Islâmico.

Essa instabilidade faz com que diversos países do mundo não aconselhem, neste momento, jornadas para a maior parte do Sinai. O ministério das Relações Exteriores do Reino Unido, por exemplo, diz que apenas "viagens extremamente essenciais" devem ser realizadas à área que rodeia o monastério de Santa Catarina e sua montanha sagrada.
Sharm el-Sheikh, por sua vez, não é um destino proibido pelo governo britânico. Mas ir à região e não poder visitar o monte Sinai por medo de ataques terroristas é, sem dúvida, um grande pecado.

http://viagem.uol.com.br/noticias/2015/11/25/praias-montanhas-e-terrorismo-veja-o-cenario-real-de-os-dez-mandamentos.htm

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Ruínas históricas e águas azuis dão charme ao Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuc.
 
http://imguol.com/c/entretenimento/2013/08/02/forte-sao-francisco-xavier-fica-entre-as-praias-de-gaibu-e-calhetas-em-cabo-de-santo-agostinho-1375486626233_956x500.jpg
Forte São Francisco Xavier fica entre as praias de Gaibú e Calhetas, em Cabo de Santo Agostinho
Cabo de Santo Agostinho poderia ser considerada apenas mais uma cidade do Nordeste brasileiro com praias paradisíacas, de águas cristalinas e natureza exuberante. Mas uma visita revela que o destino, em meio às ruínas e às construções que datam do século 17, preserva uma rica fonte de cultura brasileira.
A cidade é reconhecida como marco geológico mundial por ser o ponto de ruptura entre os continentes africano e sul-americano. Contornada por recifes e manguezais, a região é a única em todo o país onde existem rochas graníticas de 102 milhões de anos. São nove praias distribuídas em uma área de 445 km².

É possível conhecer a cidade em um dia em um passeio de buggy, um roteiro que inclui todas as praias, mirantes, a Vila de Nazaré (onde ficam as ruínas históricas, capelas, igrejas e falésias) e o famoso banho de argila (um lago de solo argiloso procurado por turistas que se interessam pelos benefícios estéticos que a aplicação do material traz para a pele). Depois de ter uma visão panorâmica de todas as atrações, fica mais fácil escolher para que lado seguir e traçar seu próprio roteiro.
A temperatura média anual é de 28ºC e, na maior parte do ano, o acesso de carro é fácil, apesar de a estrada ser de terra em alguns trechos. Mas na época das chuvas, de abril a julho, o trajeto pode ficar esburacado. No caminho, o rústico casario local abriga vendas de frutas típicas do Nordeste, como jaca, caju e goiaba.

A história não oficial conta que na costa do Cabo de Santo Agostinho o navegador espanhol Vicente Yanéz Pinzón teria ancorado pela primeira vez no Brasil, em janeiro de 1500, antes da esquadra de Pedro Álvares de Cabral desembarcar na Bahia. Pinzón não tomou posse do território por causa do Tratado de Tordesilhas, que determinava que estas terras pertenciam a Portugal. Nesta época, a região era habitada por índios da etnia Caeté.

Primeiramente nomeado de "Santa Maria da Consolação" pelo explorador espanhol, a descoberta oficial foi feita pelo navegador italiano Américo Vespúcio, no dia 29 de agosto de 1501. As primeiras povoações datam de 1618 e a maioria dos núcleos se concentrou no ponto mais alto da cidade: a Vila de Nazaré, região hoje conhecida como Parque Metropolitano Armando de Holanda Cavalcanti.

Na época em que reinava o cultivo e a exportação da cana-de-açúcar no Brasil, Cabo de Santo Agostinho também viveu momentos de glória, tendo sido considerado o poderio econômico do estado pernambucano. O primeiro engenho a ocupar a região foi o Madre de Deus (hoje Engenho Velho) e mais tarde o Massangana, onde viveu o abolicionista Joaquim Nabuco. Em 27 de julho de 1811, Cabo de Santo Agostinho foi elevada a Vila e em 9 de julho de 1877 foi reconhecida como cidade.

http://viagem.uol.com.br/guia/brasil/cabo-de-santo-agostinho/index.htm

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Trilha "Caminho dos Deuses" coloca turista nos céus da Costa Amalfitana.
 
Do UOL, em São Paulo

Donchili/Creative Commons
Turista cruza o "Caminho dos Deuses", na Costa Amalfitana
Turista cruza o "Caminho dos Deuses", na Costa Amalfitana

A Costa Amalfitana, no sul da Itália, é um destino perfeito para quem gosta de passar as férias deitado sobre lindas praias, fazendo pouco mais do que tomar sol e curtir uma boa gastronomia.  
Mas a região também oferece uma opção para quem quiser colocar o esqueleto para se mexer. Trata-se da trilha "Sentiero Degli Dei" ("Caminho dos Deuses"), cujo nome não é exagero: o percurso, que se estende entre as localidades de Agerola e Positano, leva o turista para cima das montanhas que ficam ao lado da orla amalfitana, oferecendo lindas visões aéreas das vilas da área e do mar Tirreno.
As caminhadas pela trilha duram cerca de três horas, passam pelas famosas plantações de limão dessa região da Itália e chegam a oferecer vista até para a ilha de Capri. Conventos antigos isolados quase no meio do nada também surgem no roteiro.

 
Karlis Dambrans/Creative Commons
A trilha cruza 7 km nas montanhas de uma das mais belas regiões da Itália

O "Sentiero degli Dei" tem cerca de 8 quilômetros de extensão, chega a 650 metros sobre o nível do mar e é cheio de subidas e descidas: é preciso estar em boa forma física para percorrê-lo. Pessoas com vertigem também podem se sentir desconfortáveis, visto que a trilha passa ao lado de algumas encostas íngremes.
Mas o esforço vale a pena: o "Caminho dos Deuses" é a chance que o turista tem de ver a Costa Amalfitana de um ângulo diferente, onde as praias são apenas um dos componentes de uma região recheada de montanhas verdejantes e paisagens bucólicas.
O começo do caminho, em Agerola, é facilmente acessível a partir de locais turísticos como Positano e Amalfi.  

 
Karlis Dambrans/Creative Commons
A natureza da Costa Amalfitana vista do "Caminho dos Deuses"

 
Karlis Dambrans/Creative Commons
Na trilha, turistas caminham pelas encostas verdejantes da Costa Amalfitana

 
Karlis Dambrans/Creative Commons
A Costa Amalfitana vista de ângulos únicos desde o "Caminho dos Deuses"

 
Fiore S.Barbato/Creative Commons
Do "Caminho dos Deuses" é possível ver conventos e plantações nas colinas

 
Fiore S. Barbato/Creative Commons
Convento di San Domenico surge no "Caminho dos Deuses", na Itália
 
http://viagem.uol.com.br/noticias/2015/11/17/trilha-caminho-dos-deuses-coloca-turista-nos-ceus-da-costa-amalfitana.htm 

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Rota Ecológica de Alagoas tem cozinhas encantadoras em vilas de pescadores


Camila Fróis e Fernando Angeoletto (fotos)
Colaboração para o UOL, de Maceió 


Quem avista pela primeira vez as singelas casinhas envoltas por coqueirais ou caminha com água pelas canelas entre as piscinas naturais quentinhas da Praia do Toque mal se lembra que está a menos de 100km de Maceió, um dos destinos mais frequentados do Nordeste. De Barra de São Miguel a Japaratinga, a chamada Rota Ecológica de Alagoas segue por entre vilas de pescadores, alheias ao zum-zum-zum do mundo.
A maior preocupação de quem vive ali é saber a hora em que a maré sobe ou desce. Quando recua, é possível fazer longas caminhadas até os recifes imersos em uma paisagem de azul infinito, que integra a segunda maior costa de corais do mundo. Neste momento, as mulheres das comunidades locais se dedicam ao paciente ritual de catar conchinhas de mariscos, como a taioba e massunim, enterrados na areia. Enquanto isso, os homens se aventuram em mergulhos além da costa de corais atrás das lagostas, em uma espécie de caça submarina um tanto pitoresca.


Fernando Angeoletto/UOL
O mar turquesa de Maragogi é onde se capturam os frutos do mar premium usados na cozinha alagoana

As iguarias encontradas vão direto para as panelas dos chefs das pousadas fincadas na areia de praias semidesertas, como São Miguel dos Milagres ou Porto de Pedras. Camufladas na paisagem de Mata Atlântica que se debruça sobre o mar, muitas delas ostentam cozinhas despretensiosas, mas surpreendentes, sempre abastecidas por estes frutos do mar fresquíssimos.
A culinária alagoana se vale de um interessante intercâmbio cultural, pois alguns restaurantes são comandados por italianos, franceses, israelenses, portugueses e brasileiros, que escolheram esse cantinho silencioso do mundo para desacelerar o ritmo e cozinhar divinamente bem. Por isso, mesmo que você se hospede em apenas uma das pousadas do roteiro, a ordem é peregrinar pelas diferentes opções das praias vizinhas e conferir o charme discreto de cada uma, além dos cardápios exclusivos.
Vale ainda se esticar até a popular praia de Maragogi, localizada a 20km depois de Japaratinga, para conferir as criações do Festival de Lagosta (www.festivaldalagosta.com.br), que acontece anualmente no mês de setembro. Encerrado o evento, os pratos ficam disponíveis em cerca de 20 restaurantes participantes durante um ano. O destaque de 2015 é o lagostim com risoto de coco do Hotel Salinas, que combina as duas maiores preciosidades da região. Também vale a pena experimentar criação do Hotel Areias Belas: uma lagosta que leva banana da terra, manteiga e gengibre.
Conheça algumas pousadas que conquistaram seus hóspedes literalmente pelo estômago.


Divulgação/Pousada do Toque
Peixe no molho de limão na Pousada do Toque
 
Pousada do Toque (São Miguel dos Milagres)
Pioneira, e a mais sofisticada da rota, integra a associação das seletas pousadas de charme do Brasil. A fama da gastronomia premiada do lugar faz jus à dedicação do chef e proprietário Nilo Burgarelli. Suas criações conquistam os paladares mais exigentes com mimos como o mel de flores e frutas do mangue, ingrediente que dá o toque exclusivo no roesti de macaxeira recheado com moqueca de massunim. O mel, aliás, é um xodó do chef. Também vai no lagostim com purê de abóbora e cuscuz de milho, e ainda na mousse de coco com mel do engenho.

Ali, o café da manhã não tem hora para acabar, mas a liberdade não termina por aí. Além do cardápio premiado, os hóspedes tem acesso a uma cozinha gourmet inteiramente à disposição. Os utensílios, temperos e azeites dos mais diversos lugares do mundo ficam por conta. É só reservar o espaço e avisar quais os ingredientes você pretende preparar que a equipe deixa no ponto.


Fernando Angeoletto/UOL
Peixe grelhado com fatias de banana-da-terra ao molho de manga, couve e arroz com coco, limão e pimenta calabresa, folhas de rúcula com azeite de curry
 
Pousada Amendoeira (São Miguel dos Milagres)
Com mesas espalhadas em cantinhos charmosos de um jardim à beira-mar, o restaurante do estabelecimento, localizado na Praia do Toque, oferece um cardápio pra lá de tropical. A responsável pelas criações, Jessy Greenhut, investe em grãos integrais, robalos, lagostas e polvos, além de hortaliças orgânicas colhidas na horta própria. O resultado são pratos muito coloridos, leves e, ao mesmo tempo, de sabor intenso, valorizados por uma apresentação caprichada. 

Algumas propostas do menu revelam as origens israelenses de sua família, e também do marido e sócio Tsachi. Um exemplo é o filé de peixe em crosta cítrica de amêndoas, acompanhado de cuscuz marroquino com legumes e abobrinhas grelhadas. Outras opções não poderiam ser mais nordestinas, como o sugestivo “Amarelo e Manga”: peixe grelhado com fatias de banana-da-terra (muito típica da região) ao molho de manga, couve e arroz com coco, limão, pimenta calabresa e folhas de rúcula.
Mesmo com tanta brasilidade junta, o azeite de curry dá o toque árabe. E os pratos com camarões também são imperdíveis. Um deles é picante e leva molho de coco com coco chips (crocante). Já o camarão pinguço é flambado com cachaça e servido com abobrinhas grelhadas ao caramelo de balsâmico – simples e apaixonante. A recepção dos anfitriões e funcionários é para te fazer sentir absolutamente em casa. Quem não está hospedado no local precisa fazer reservas.


Fernando Angeoletto/UOL
Entrada de agulhinha com uma apresentação criativa da chef Corine
 
Pousada Cotesud (São Miguel dos Milagres)
A francesa Corine, proprietária e comandante da cozinha, usa e abusa dos peixes sazonais e das demais delícias da região. De sabor mais suave que a ostra, a geleia dourada (extraída do ouriço), que tem um leve aroma de maresia, parece uma descoberta gastronômica por aqui, embora já seja muito apreciada na Europa, especialmente em receitas japonesas. Como a grande paixão da chef é inventar moda, o cardápio é diverso, fresco e está sempre repleto dos sabores do mar e dos mangues dos arredores, inclusive nos recheios das massas preparadas na própria pousada – vale conferir o canelone de siri. 

Alguns pratos são valorizados por técnicas simples de preparo, como os peixes grelhados na churrasqueira aquecida com brasa de coco. O processo deixa as carnes defumadas com um aroma delicioso do fruto. Outros mimos delicados estão nas sobremesas. O cupcake, por exemplo, leva farofa de speculoos, biscoito belga, típico da região de Flandres, com cor de caramelo e sabor de especiarias como cravo e canela.
A adega é mais uma atração internacional, incluindo rótulos chilenos, franceses, portugueses e africanos, indicados por Corine para acompanhar as suas diferentes criações. Depois do almoço, a grande pedida é uma tarde de preguiça na biblioteca ao ar livre da pousada, de frente para o mar e cercada de oito mil hectares de natureza preservada. No meio da tarde, o espaço é abastecido com café e bolos saídos do forno.

 
Fernando Angeoletto/UOL
Café da manhã na Pousada Beijupirá inclui diversos quitutes regionais, como tapioca, banana da terra com coco e cuscuz
 
Pousada Beijupirá (Porto de Pedras)
Com um ambiente rústico chique, a aldeia Beijupirá é um lugar para esquecer de vez a rotina, dormir ao som do quebra-mar e tomar um café da manhã todo especial com vista para a piscina e o oceano, acompanhado de sucos de frutas da época, pães caseiros, tapioca quentinha, cuscuz, banana da terra, geleias, entre outros quitutes regionais.

Quando se fala nas refeições principais, o cardápio oferece opções interessantes, como o peixe beijupirá - que dá nome à pousada. Típico do Nordeste, o pescado agrada com sua carne branca e fresca, além de textura macia. O gosto suave e delicado o torna muito versátil, sendo acompanhado de frutas, azeites e especiarias.
Uma das opções da Aldeia é o beijupirá grelhado e perfumado com canela, servido com molho de tamarindo, arroz com curry e banana da terra caramelada com crosta de coco fresco.

Já o beijupitanga é preparado na chapa com azeite, batata temperada, arroz de castanha, molho de pitanga. A sobremesa mais pop da casa é simples, refrescante e imperdível: sorvete de capim santo.

http://viagem.uol.com.br/guia/brasil/maragogi/roteiros/rota-ecologica-de-alagoas-tem-cozinhas-encantadoras-em-vilas-de-pescadores/index.htm

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

SeaWorld desmente fim de shows com orcas, mas acabará com acrobacias.
 
Divulgação/SeaWorld 
 
"One Ocean", show apresentado pela orca Shamu no SeaWorld
"One Ocean", show apresentado pela orca Shamu no SeaWorld

Após agências terem noticiado o fim do show das baleias na unidade de San Diego do SeaWorld, o parque norte-americano enviou um comunicado oficial desmentindo a informação. Segundo a nota, a principal atração atual, o show "One Ocean" (onde a baleia Shamu era a grande estrela) será encerrado no fim do próximo ano, apenas na unidade de San Diego, para dar lugar a uma nova apresentação. A partir de 2017 o show deixa de ser teatral, com as famosas acrobacias, para ter um caráter mais educativo, mas ainda contando com os animais selvagens. 

Joel Manby, CEO da companhia, divulgou durante um evento para investidores que o intuito da companhia é envolver e informar os hóspedes, destacando mais os comportamentos naturais da espécie. "A apresentação irá incluir mensagens de preservação e dicas que os espectadores poderão levar para casa com eles para fazer a diferença para orcas no mundo selvagem", destacou Manby.

A SeaWorld sofreu um duro golpe em 2013, após a estreia do documentário "Blackfish", que denunciou os estragos sofridos pelas orcas em cativeiro ao viverem em tanques reduzidos e com pouca iluminação, além de serem submetidas a duros treinamentos para aparecer em seu espetáculo mais famoso.
Com isso, o número de visitantes caiu drasticamente nos 11 parques espalhados em todo os Estados 

Unidos, mas especialmente no de San Diego. Desde então, a empresa tentou reverter a imagem ruim com uma campanha de publicidade e descontos. O plano de ações, divulgado pelo CEO da companhia nesta semana, informa ainda o investimento em novas atrações, como uma montanha-russa e hotéis.

http://viagem.uol.com.br/noticias/2015/11/11/seaworld-desmente-fim-de-shows-com-orcas-mas-acabara-com-acrobacias.htm

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Esqueça a formatura: Porto Seguro tem lindas praias, mas lado histórico desaponta.



Vivian Ortiz Do UOL, em Porto Seguro*

Sol, álcool e formatura: é isso o que vem à cabeça de muitas pessoas quando se fala de Porto Seguro, a 714km de Salvador. Apesar de receber milhares de estudantes todos os anos (e se orgulhar disso), o município baiano é muito mais do que isso. Até porque a festança juvenil tem data para acontecer: geralmente nos meses de julho e outubro. Fora tais períodos, por incrível que pareça, é até difícil o turista escutar axé enquanto caminha pelas ruas do lugar.

Logo que chega, o visitante já recebe as boas-vindas de um mar azul e cristalino. Com tanta beleza natural, a vontade de colocar a roupa de banho e mergulhar naquele cenário vai ficando cada vez mais forte. Não faltam opções para isso, pois a orla da cidade possui cerca de 85km de praias, frequentadas pelos mais variados perfis de pessoas. Também estão cheias de barracas, que dão apoio para quem vai curtir as areias locais. De forma geral, elas costumam cobrar apenas pelo que foi consumido, deixando o uso da estrutura em aberto. 

Já para quem busca um pouco mais de conforto, uma opção é aproveitar o serviço oferecido por alguns resorts locais. A pessoa paga uma taxa e tem o direito de usufruir das instalações, mesmo não sendo um hóspede oficial. Tudo no esquema day use. Aí, basta estender a toalha na cadeira e aproveitar o mar calmo da região, com poucas ondas, mas cheio de vento.

Caso esteja hospedado no centro - que não possui praia, mas tem agitação e hotéis um pouco mais em conta, será preciso se deslocar para conseguir dar um mergulho em águas salgadas. Se estiver por por conta própria, e não tiver alugado um carro, basta esperar pelo ônibus circular, que passa a cada 20 minutos e te leva até a enseada.

Os fãs de axé podem se acabar de dançar o ritmo em complexos de lazer na praia de Taperapuan, como o Axé Moi e o Tôa Tôa, onde professores de dança animam os turistas.

 
Vivian Ortiz/UOL
Do chão, a galera repete animada os passinhos no Axé Moi
 
De todos os lugares visitados pela reportagem de UOL Viagem, estes foram, praticamente, os únicos espaços que pessoas foram vistas dançando o famoso ritmo baiano. Se você curte, e a meta é essa, melhor ir direto ao alvo.
 
Terra do Descobrimento
Mas como existe vida além da praia (e o bronzeado estilo vermelho camarão tem limites), também dá para aproveitar as outras atrações que Porto Seguro oferece. Muitas delas têm um viés histórico, ligado à chegada de Pedro Álvares Cabral naquelas terras em abril de 1500. Uma das mais diferentes é a visita à Reserva Indígena Pataxó da Jaqueira, localizada a apenas 12km do centro da cidade. 


 
Vivian Ortiz/UOL
Além das belas praias, Porto Seguro também investe no Etnoturismo
 
Os turistas são recebidos na comunidade indígena por índios devidamente pintados e enfeitados com cocares e demais adereços. Apesar de ser um passeio simpático, fica a impressão de que metade do que eles mostram é o que os visitantes gostariam de ver. Até porque, diferente de outros tempos, os índios de hoje sobrevivem do turismo. E não faz sentido andarem de sunga e biquíni enquanto usam saias de palha cobrindo as partes íntimas.

De qualquer forma, dá para descobrir algumas curiosidades sobre o modo de vida dos pataxós: os índios mostram se são casados ou solteiros - não existe a categoria viúvo - pelo tipo de pintura no rosto. Quem fica interessado em alguém precisa de paciência para mostrar suas intenções de namorar: depois de algum tempo paquerando a pessoa de longe, o índio joga uma pedrinha. Se ela for jogada de volta, pode ficar feliz. 

Caso contrário, melhor partir para outra.
No final, os índios fazem uma performance, apresentada como uma espécie de agradecimento aos visitantes, que são convidados a se juntar à dança tradicional. Com entrada paga, o passeio é interessante, mas precisa ser agendado com alguma agência de turismo de Porto Seguro.
 
Terra à vista
Outra atração temática da cidade é o Memorial da Epopeia do Descobrimento, com ingresso a R$ 10**. Localizado na praia do Cruzeiro, é mantido por particulares, sem o apoio financeiro do governo. A ideia é resgatar as memórias do nascimento de nosso País e, para isso, simpáticos guias começam a visita contando a nossa história na linguagem de cordel.


O grande destaque é uma réplica, em tamanho natural, da Nau Capitania, a embarcação que trouxe Pedro Álvares Cabral e sua tripulação ao Brasil. Dá para visitar por dentro e imaginar como teria sido participar daquela viagem. No entanto, precisa de um pouco mais de investimento. No dia em que a reportagem visitou o local, um pedaço grande de madeira se desprendeu do mastro da caravela, e por pouco não causou um acidente.

Já o Centro Histórico de Porto Seguro, localizado na Cidade Histórica, foi o primeiro núcleo habitacional do país. Possui diversas casinhas coloridas, réplicas das que eram encontradas nos velhos tempos. Atualmente, a maioria costuma abrigar pequenas lojas.

Ao lado da Igreja da Pena fica a Casa de Câmara e Cadeia, que hoje abriga o Museu de Porto Seguro. A parte mais interessante da visita está no térreo e mostra o local onde as pessoas autuadas pelas leis da época ficavam presas. A diferença é que, naquele tempo, não existia porta na cela e os condenados entravam com a ajuda de uma escada pelo teto. Todos ficavam juntos em uma espécie de quadrado, sem ventilação, e muitos acabavam morrendo pela falta de condições sanitárias.

 
Vivian Ortiz/UOL
 
Caindo na night
Agora, se a sua meta for mesmo descobrir o que a noite de Porto Seguro tem, não se anime muito. A principal atração da cidade é a Passarela do Descobrimento, um de seus cartões postais mais famosos. A partir das 18h instala-se no local uma feirinha de artesanato, onde o turista pode conferir um pouco da produção local, tanto de gastronomia quanto de artesanato. Quem curte beber também pode experimentar o famoso "capeta", bebida típica feita com vodca, guaraná em pó, leite condensado e uma fruta da época.


Caso prefira algo mais animado, melhor pegar a balsa para Arraial d'Ajuda, um dos distritos de Porto Seguro. Mas só vá se tiver como circular por lá, pois são 5km até o centro, sem a ajuda de um eficiente transporte público. Melhor fechar um táxi ou algum transfer em grupo com pessoas do próprio hotel. No local, um dos principais atrativos é a rua do Mucugê, cujo forte é a gastronomia, mas que também está cheia de bares temáticos, que tocam rock, jazz, blues e MPB. 
 
* A jornalista viajou a convite da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Porto Seguro
** Preço consultado em outubro de 2015

http://viagem.uol.com.br/guia/brasil/porto-seguro/roteiros/porto-seguro-abriga-lindas-praias-mas-lado-historico-desaponta/index.htm

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Pantanal é um belíssimo complexo de regiões que abrangem cerrado, chaco e floresta amazônica.
 
Bruno Oliveira/UOL
Durante a tarde, as tonalidades do céu do Pantanal ficam douradas. Navegar pelos rios caudalosos do Pantanal, como o rio Cuiabá, é a forma clássica de conhecer as belezas naturais do bioma
O "Pantanal" compreende 11 regiões com características próprias dentro da confluência do cerrado, do chaco paraguaio e da região amazônica nos Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, nas fronteiras com Paraguai e Bolívia.
O Pantanal Sul abrange dois terços da planície pantaneira: lá estão, por exemplo, a Nhecolândia ou "Paraíso das Águas", as cidades de Miranda e Aquidauana, com grande parte dos serviços de hospedagem e infra-estrutura para turistas, e o Porto Murtinho, das pescarias. As principais portas de acesso ao sul são Campo Grande e Corumbá. No Pantanal Norte, ao sul da capital Cuiabá, os principais destinos são Barão de Melgaço (com savanas e ninhais), Poconé e Cáceres, áreas de acesso difícil devido ao prolongado alagamento.
As chuvas ditam as regras da vida pantaneira, multiplicando em variedade e quantidade a beleza da vegetação e dos animais que ali habitam. As aves parecem gigantes, como a tuiuiú (símbolo do Pantanal), cuja altura chega a 1,60 metro, ou a arara-azul e a colhereiro, de quase um metro.
As aves mergulham para comer, como gaviões e biguás, ou saem em disparada, como as emas. Algumas, em bandos, exibem-se com as asas abertas nos galhos das árvores, com as penas secando ao sol. Peixes, répteis, anfíbios e mamífero snão ficam atrás no quesito "tamanho GG": sucuris ultrapassam os 4 metros de comprimento, jacarés e lagartos chegam a 2,50 metros. Um único jaú pode pesar cem quilos, para a glória (e o esforço) do pescador que precisa retirá-lo da água. A onça-pintada, um ser solitário e felizmente anti-social, pouco avistado, é o maior felino do continente americano.
Num mundo onde o despertador é substituído pelos guinchos dos pássaros e até o físico dos cavalos precisa resistir aos charcos, o turista goza de autonomia apenas relativa. Guias locais são artigos de primeira necessidade, bem como os veículos com tração nas quatro rodas, os transportes aquáticos e os animais que eles disponibilizam nas trilhas, da manhã à noite.
 
Festas populares
A Festa de São João de Corumbá se destaca com uma procissão até o cais do rio Paraguai. A Dança dos Mascarados embeleza, com seu colorido figurino, três eventos de Poconé (MT): a Folia dos Mascarados, em fevereiro; a Festa de São Benedito, em julho; e o Festival Folclórico do Pantanal, em agosto. Os movimentos da dança lembram o de uma quadrilha, e os dançarinos, como no teatro grego, são todos homens.

Uma comunhão maior com os recursos naturais do Pantanal se realiza nos tradicionais Festival Internacional de Pesca, em Cáceres (MT), em setembro, e no Festival Internacional de Pesca Esportiva, em Corumbá (MS), em outubro. Ambos atraem centenas de participantes, de todos os cantos do Brasil e do exterior.

http://viagem.uol.com.br/guia/brasil/pantanal/

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Do Chile a Argentina: roteiro cruza os Andes e tem belas paisagens.

Felipe Floresti
Do UOL, no Chile e Argentina*  


Localizada às margens do lago Llanquihue, Puerto Varas tem a presença constante do vulcão Osorno no horizonte
Poucas décadas depois de seus antepassados terem chegado da Alemanha para colonizar os arredores do lago Llanquihue, o chileno Don Carlos Wiederhold partia para outra jornada. Cruzar a Cordilheira dos Andes para conhecer as paisagens do lago Nahuel Huapi. Encontrou uma região bela e despovoada, onde decidiu se estabelecer, em 1895. Lá Don virou San e no lugar onde montou seu armazém nasceu a cidade de San Carlos de Bariloche - que em mapuche, a língua dos nativos da região, significa "gente do outro lado da montanha".
Existem formas mais fáceis de chegar ao destino de férias preferido dos brasileiros que buscam neve. Quatro horas e meia de avião ligam São Paulo a Bariloche. Mas a rota percorrida por Don Carlos ainda está lá. No lugar de trilhas abertas a facão e um bote, estradas pavimentadas e barcos climatizados. O que pouco mudou foi a paisagem, com lagos coloridos em tons de azul e verde, rios, cachoeiras, picos nevados e os monumentais vulcões. A natureza convida a seguir pelo caminho longo.
 
Puerto Varas
A jornada começa pouco mais de mil quilômetros ao sul de Santiago, Puerto Varas, capital turística do sul chileno, no limite norte da Patagônia chilena. Nem precisa rodar muito para perceber a influência colonial. Desde o aeroporto, saindo de Puerto Montt, vê-se que quase todas as casas são de madeira - ou imitando o material, com estilo remetendo à arquitetura de montanha dos Alpes.

A influência também está na gastronomia. Não deixe de passar em um dos cafés da cidade, especializados em doces alemães, com biscoitos, bolos, geleias artesanais e a principal iguaria, o kuchen, uma espécie de torta com frutos silvestres da região. A culinária se complementa com a tradição de boas carnes do sul do Chile e os frutos de mar vindos da baía de Puerto Montt. O turismo pelo paladar fica completo nas cervejarias artesanais com sotaque germânico.

 
Getty Images
Vulcão Osorno visto desde os Saltos de Petrohué

É ao chegar à beira do lago Llanquihue que a natureza encanta pela primeira vez. Nos dias sem muitas nuvens, dois grandes vulcões preenchem o horizonte: Calbuco e Osorno. Este segundo é uma das principais opções de passeio na região. Durante os meses de inverno funciona como estação de esqui, com opções de pistas para todos os níveis. Mas, mesmo no verão, com as pistas fechadas, vale a visita para subir até 1.425 metros de altitude pelo teleférico e ter uma vista panorâmica do lago.
Depois de desfrutar tudo que Puerto Varas tem a oferecer, está na hora de seguir o caminho pelos Andes. A jornada dura um total de 13 horas e pode ser feita em um dia. Mas se a ideia é ir com calma, há dois pontos de pernoite na viagem.
 
O Cruce Andino
O trajeto margeia o lago Llanquihue até a praia da Enseada, onde a estrada segue em direção ao Lago de Todos os Santos. Mas não sem antes fazer uma parada nos belos Saltos de Petrohué. O rio, que nasce no lago, corre por rochas vulcânicas, formando uma sequência de cânions e cachoeiras de águas cor turquesa.

Após duas horas de ônibus saindo de Puerto Varas (dica: sentado no lado esquerdo do veículo você aproveita melhor a vista), chega a hora do primeiro trecho sobre as águas. É preciso cruzar todo o Lago de todos os Santos, que cobre uma área de 178km², em uma viagem de 1h40 até o pequeno vilarejo de Peulla. Por todo o caminho, a companhia dos quatro vulcões da região: Osorno, Calbuco, Puntiagudo e Tronador, o maior de todos, chegando a 3.491 metros de altitude.
 
Peulla
Do vilarejo de Peulla pouco se vê. Afinal, não há mesmo muito para observar. São apenas 120 habitantes espalhados em casinhas pela região. A atenção fica nos dois hotéis, o Peulla e o Natura - as únicas opções de refeição e hospedagem, e no belo vale do rio, que segue por 16km cordilheira adentro.


 
Felipe Floresti/UOL
Paisagem nos arredores do Lago Frias é deslumbrante
 
Quem decide passar a noite pode aproveitar para fazer passeio cavalo ou entrar em um 4x4 em um safári pelos cantos mais remotos do vale. Mas em Peulla tudo depende do clima. Uma piada local diz que quando não está chovendo é porque vai chover. Mas nada que justifique o desânimo. "Sabíamos que é uma região que chove muito e faz parte do turismo de natureza", disse o brasileiro Reinaldo José Silva, de férias com a família. "Para quem gosta de natureza, não tem como não ficar satisfeito. Mesmo debaixo d'água".
 
Do Chile a Argentina
Saindo de Peulla, o próximo passo é passar pela imigração. Um posto da polícia de fronteira chilena fica a poucos metros do hotel. O caminho segue sinuoso em meio à floresta, sempre subindo. Alguns sinais de neve derretem na beira da estrada quando uma placa anuncia a fronteira entre Chile e Argentina. Saímos do Parque Nacional Vicente Perez Rosales para entrar no parque Nacional Nahuel Huapi.
 
Depois de uma longa descida, chegamos ao Puerto Frias, onde fica a imigração Argentina. Esse ponto talvez demore mais, já que na entrada do país algumas malas que seguem no ônibus são escolhidas aleatoriamente para serem revistadas. Aproveite o tempo de espera para apreciar as águas de cor verde-clara, que escorrem do degelo do Monte Tronador até o Lago Frias, e ficar atento à fauna local, com aves de rapina e animais maiores. Tivemos a sorte de encontrar uma raposa.
 
São mais 20 minutos para cruzar o pequeno Lago Frias, seguidos por um trecho curto de van até Puerto Blest. Lá fica a segunda opção de restaurante da viagem (também tem bares com snacks nos barcos) e a partir de novembro de 2015 começa a funcionar um hotel no local.
 
A maior atração, porém, fica ao lado do hotel. Um rio que sai do Lago Frias deságua na pequena baía que dá início ao grandioso lago Nahuel Huapi, com seus 557 km² de superfície. Dá para perder um bom tempo só observando o esmeralda se fundir lentamente com a água azul escura. Uma caminhada em meio à vegetação leva ao Lago Cántaros, com uma cachoeira que leva seu nome. Outra atração é um milenar alerce, uma árvore típica da região cuja madeira foi muito utilizada para a construção das casinhas em estilo alpino.
 
Felipe Floresti/UOL
Flagra do momento que uma gaivota pega a bolacha da mão de turista
 
Fim da jornada
O trajeto pode ser percorrido também no sentido contrário, partindo de Bariloche. Mas, seguindo o guia Patrício, sair do Chile é mais recomendado, pois a visibilidade dos vulcões é melhor pela manhã. Ele também prefere fazer o percurso no inverno, quando a paisagem branca contrasta com as folhas avermelhadas da lenga, uma árvore comum na região. No verão, quando chove menos e o calor é maior, o que atrapalha é a mosca tabano, no Brasil conhecida como mutuca.
 
A viagem parte para o último e longo trecho sobre a água. São duas horas em uma embarcação para até 200 passageiros por um dos braços do lago Nahuel Huapi. Montanhas nevadas acompanham a paisagem. Para deixar tudo mais divertido, um grupo de gaivotas segue a embarcação, atenta a qualquer um que as ofereça uma bolacha de água e sal, vendida na embarcação com esse propósito. Chegado em Puerto Pañuelo, é mais uma hora de estrada no derradeiro trecho até o destino final.
 
Depois de um dia intenso, enfim Bariloche. O caminho é longo, mas dá para ser ainda maior, indo de bicicleta por onde foi o ônibus. Outra opção é fazer o percurso de Puerto Varas a Bariloche de ônibus. É mais rápido (apenas 4h) e barato, US$ 26** contra US$ 230** do roteiro do Cruce Andino, sem contar refeições, possíveis pernoites e atividades não inclusas. Mas aí não tem passeio no lago, não se vê cachoeira, a gaivota não come da sua mão e vulcão só é visto pelo vidro embaçado do ônibus. A escolha é do freguês.
 
* O jornalista viajou a convite do Cruce Andino
** Valores consultados em setembro de 2015 e sujeitos a alterações

http://viagem.uol.com.br/guia/roteiros/internacionais/do-chile-a-argentina-roteiro-cruza-os-andes-e-tem-belas-paisagens/index.htm 

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Parque do Chile tem vulcões nevados e um dos lagos mais altos do mundo.
 
Do UOL, em São Paulo
 
Dan Lundberg/Creative Commons
O vulcão Parinacota e o lago Chungará compõem a paisagem do Lauca 
O vulcão Parinacota e o lago Chungará compõem a paisagem do Lauca

O norte do Chile é famoso por abrigar o deserto do Atacama, destino popular entre brasileiros e uma das paisagens áridas mais interessantes do mundo.
Poucos sabem, porém, que na região setentrional do país de Pablo Neruda existe um lugar fantástico que, de certa maneira, é um contraponto ao Atacama: trata-se do Parque Nacional Lauca, uma Reserva Mundial da Biosfera tomada por vulcões nevados, por um dos lagos mais altos do mundo e um solo verdejante por onde correm riachos e pastam alpacas (um animal andino parente da lhama).
A paisagem, situada a mais de 4.500 metros de altitude, lembra um cenário do filme "Senhor dos Anéis", com os vulcões Parinacota (com 6.342 metros de altura) e Pomerape (6.280 metros) dominando o horizonte.

 
Marcel Vincenti/UOL
Situado no norte do Chile, o Parque Lauca ocupa uma área de 138 mil hectares
 
O Parinacota tem uma forma cônica perfeita, com seu cume nevado se refletindo, lá embaixo, sobre lago Chungará, um dos corpos de água situados a maior altitude no planeta. Em boa parte do ano, a neve que cobre o vulcão se mostra extremamente densa, parecendo marshmallow derretido sobre a formação rochosa.
Faz contraste a essa imagem gélida o verde intenso dos chamados "bofedales" (gramados de cor verde esmeralda e textura espinhosa típicos da área) que cobrem parte dos 138 mil hectares do Lauca – e que são cortados por lindos riachos que surgem nas montanhas: é essa formação vegetal que alimenta as lhamas e alpacas que circulam livremente pela região.
Ao lado desses animais, aparecem ainda gansos andinos, flamingos e cavernas que abrigam resquícios de presença humana com 10 mil anos de história.

 
Alastaer Rae/Creative Commons
Alpacas e lhamas são vistas sob as montanhas nevadas do Lauca
 
E há também humanos vivendo nos dias de hoje nesse cenário perto das nuvens: a vila de Parinacota, por exemplo, abriga cerca de 50 famílias da etnia aimará, que moram ao redor de uma rústica igrejinha do século 17. É um lugar perfeito para tomar um chá e descansar após o passeio sob o ar rarefeito do Parque Nacional Lauca.
 
Como chegar
A cidade de Arica, situado no litoral norte chileno, a 150 km da entrada do Lauca, é usada por muitos forasteiros como base para visitar o parque. Mas melhor ainda é o turista ir por conta própria ao exótico vilarejo de Putre (localizado a 15 km da entrada do Lauca) e organizar de lá o passeio, contratando guias locais para conduzir o tour. O Lauca fica quase na fronteira do Chile com a Bolívia. Quem está em La Paz também pode tentar uma viagem até o parque. Os mais radicais chegam a escalar os vulcões Parinacota e Pomerape com a ajuda de guias. 


Marcos Escalier/Creative Commons
O Parque Lauca está a mais de 4.500 metros de altitude
 

Marcel Vincenti/UOL
Os habitantes da região do Parque Lauca pertencem à etnia aimará
 

Marcel Vincenti/UOL
O lago Chungará fica sob os vulcões nevados do Parque Lauca
 

Dan Lundberg/Creative Commons
O Parque Lauca fica perto da estrada que conecta o Chile com a Bolívia
 
http://viagem.uol.com.br/noticias/2015/11/03/parque-do-chile-tem-vulcoes-nevados-e-um-dos-lagos-mais-altos-do-mundo.htm